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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Ausências




Mira-me com seus olhos macios
Que pousam sobre minha pele,
Acariciando-me e causando arrepios
Amansando a mim que sou cria de Cibele*.
Não me tem ao toque das mãos
Nem à distância de seus braços.
Meu corpo se desenha como desejos vãos
Isentos de suas carícias, desprendidos de seus laços.
Não lhe cabem meus alvoroços nem silêncios
Assim como não me recosto sobre seu peito.
Não me encaixo em seus versos ou assovios
Nem me misturo aos lençóis de seu leito.
Sou desprovida de merecimento
Ou me cabem só meras assertivas?
Quanto tempo até cair o esquecimento?
Quanto tempo até que eu passe como uma comitiva?
Por ora acende-me chamas,
Transforma-me em versos incandescentes,
E gosto de fazer parte dessas tramas,
Mas, preferiria que não fôssemos tão ausentes.


*Cibele é deusa da Ásia Menor, da região da antiga Frígia, atual Turquia, e representa a deusa das montanhas, das cavernas, das muralhas, das fortalezas, da natureza e dos animais selvagens. É considerada a mãe da humanidade. Seu culto e mito chegaram à Roma no século III a. C


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