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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Temores





Corre pelo mundo
Feito fera machucada
Bicho que sangrou
Bicho que teme 
E nega e foge.
Foge do desconhecido
Foge do que não viveu.
E, diante da porta entreaberta,
Sonha paixões em vermelho
Em lábios bem desenhados,
Em lençóis encharcados.
E sonha para si os tremores
Sonha para si a alegria da chegada
Sonha para si a explosão do corpo
Que começa pela cintura
E lhe abala as estruturas.
Mas, se vê tão pequena, a fera,
Que se encolhe, recolhe.
Vai pra longe, emudecida,
Engolindo seus gemidos e sussurros,
Seus desejos e planos.
Se afasta porque mesmo sendo selvagem
Já foi ferida e ainda sente 
O tempo das cicatrizes
E não aprendeu a usar bem as palavras
Se afasta porque teme amar o amor.

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