Visitas da Dy

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Abraços III









Uns braços, seus braços… Abriram-se pra mim em um abraço. 

Mostraram-se em segurança e deixaram corações expostos que por pouco não se tocaram ali no meio daquela sala, bateram colados, descompassadamente se encontrando, numa cumplicidade quase clandestina e, talvez, por isso quase encantada.
Ali, poderiam se sentir no meio do mundo e, no meio do dia, parou por instantes toda a correria e eu que era passarinho assustado, acuado e desconfiado, tremi, mas em pouco tempo ganhei força pra voar.
Ali no meio do dia, meus braços, teus braços, nossos abraços, laços que nos prenderam em nós mesmos, um emaranhado confuso que envolvia mãos e dedos numa eternidade finita.
O tempo no relógio não parou, o mundo lá fora não mudou, mas a agonia e a solidão que me pareciam intermináveis aos poucos foram se dissolvendo.
Ali, no meio do mundo tive alento, recebi carinho, apoio de que sairam de uns braços e me encheram a alma...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Não encontramos amigos, reconhecemos


23 de setembro, sexta-feira, dia de correria, de trabalho, de aula, de por o pé a estrada e de subir a serra rumo a Juiz de Fora. 
Rotina agitada, mas já me acostumei. Pelo menos duas vezes por mês é isso: mochila nas costas e saudades, muitas saudades para serem extravazadas nas montanhas mineiras.
Mas essa sexta tem um gostinho diferente e ainda que a saudade da casa e da família seja enorme, já que há 15 dias não vou pra junto deles, hoje o dia tem um quê especial.
Hoje é aniversário de uma amiga que é de uma raridade tamanha, que tem um espaço enorme no meu coração e que merece muito mais do que um simples texto, merece muito mais do que todos os desejos de felicidades que lhe serão desejados nesse dia.
Vinícius de Morais diz que amizade é encontro de almas. E eu assino embaixo.
A mocinha que aniversaria hoje é Semiramis, alma-irmã com quem posso contar. Alma que posso afirmar ter sido um dos melhores achados de minha vida.
Nos conhecemos há pouquíssimo tempo se levarmos em conta os calendários, mas não há explicação para a intensidade dessa amizade. Nem para explicar como começou.
Foi numa sexta-feira! Era noite, primeira aula no curso de pós-graduação em Gestão do Patrimônio Cultural. Eu já conhecia metade da turma: historadores companheiros de curso e, claro, sentamos todos juntos. Semiramis sentou-se longe. Do outro lado da sala. Nos olhamos, sorrimos, tudo muito normal, numa simpatia social e só.
Intervalo das aulas. Trocamos meia dúzia de palavras e só. De volta à sala, a aula se arrastava… nos olhamos e isso bastou pra que pegássemos nossos cadernos – sim! No primeiro dia tínhamos, as duas, cadernos! – e saimos da sala já engatadas num papo animado, tão animado que parecia que éramos amigas de infância.
Duas aulas depois e já éramos assíduas frequentadoras das nossas casas: viramos membros da família uma da outra.
Alguém explica isso? Alguém explica essa rapidez em se consolidar uma amizade? Em se tratando de Edylane eu acho difícil… boa mineira, desconfiada, tímida – isso é sério! – raramente saio me abrindo assim… Vinícius de Morais explica: encontro de almas!
Com a Semiramis passei bons e maus bocados naquela pós. Comemoramos o primeiro contrato dela na prefeitura. Tomamos chuva. Viajamos pra Argirita, trabalhamos no JF Folia – Sodoma e Gomorra! – por três noites seguidas, trabalhamos na w100… ela ainda está lá! Matamos aulas – que feio! – muitas vezes pra ir pro bar beber… coca-cola: por conta do trabalho ela não podia beber. Encontro certo era às 18h no Saulin: x-bacon! O lanche da sexta-feira era sagrado! Depois virei professora dela num curso de extensão da UFMG…
Cineminha na quinta-feira à noite e por R$1,00 a sessão? Era com a gente mesmo: e muitas vezes a gente só tinha as passagens de ônibus e o R$1,00 do cinema.
Vimos a Angelina Jolie bancar o Magaiver em “Salt”. Choramos em “Comer, Rezar e Amar” – era tempo de crise, todo mundo tinha namorado e a gente tinha livros pra ler!
A lista de filmes é grande! Sócias do Cine Palace, o que não era nada ruim: construção tombada, supercharmosa e a gente se divertindo!
Meu filho virou “o meu loiro lindo” da tia Semiramis… minha mãe passou a sentir falta dela quando a carga de trabalho aumentou as visitas começaram a diminuir e o telefone tocava pouco.
2010 não foi um ano fácil. Ao finalzinho do ano pressenti que meu telefone ia tocar. Eu que fico de pijamas até a hora de sair de casa resolvi me arrumar logo após levantar da cama. Alguém podia me ligar e eu precisaria sair correndo: se já estivesse arrumada seria mais fácil.
O telefone tocou. Do outro lado uma voz fraquinha, longe, e uma frase aterradora: “Dy, meu pai…” não quis nem saber. Voei pra casa dela e descobri que quem tinha voado era o Sr. Geraldo… pai de Semiramis, pai emprestado de Edylane. Exemplo, amigo, brincalhão e bom cozinheiro. Voou pra longe de nós sem dar a menor explicação, como quem vai ali na esquina comprar pão e não volta… que dor! Não sei  dia, não sei a hora, mas lembro que sai de casa num dia e só voltei depois de ter certeza de que minha amiga estaria minimamente bem.
Dias difíceis. Até que a dor se trasnforme em saudades demora muito. E acho que nunca se transforma de todo… sempre fica uma dorzinha, como um espinho que não sai nunca.
Superados o susto, a dor, a saudade, as coisas começaram a voltar a seu eixo.
Juntas comemoramos cada etapa da minha entrada no mestrado: aprovação do projeto! Uhu! Festa! Aprovação na prova teórica: oba, bora pro bar! Aprovação na prova de línguas: Yo sabía que hablaba bien el español! Vamos a beber un mojito! Aprovação definitiva: três dias de comemoração sem parar!
No meu aniversário a maior de todas as surpresas: uma festinha na pós e fiquei sem palavras, emocionada, com os olhos cheios de lágrimas… que lindo!
E natal e ano novo e carnaval e páscoa e todas as comemorações e a gente junto! Ah, quantos bons momentos!
Difícil foi ter que vir de vez pro Rio. Difícil foi deixar minha amiga pra trás – e todos os amigos também!
Hoje, acostumo-me à saudade, mas não esqueço um dia sequer dela!
Hoje, escrevo palavrinhas simples, que relembram partes importantes de nossas vidas, que mostram parte daquilo que ela deixou marcado no meu coração.
Hoje busco palavras que sejam suficientemente boas pra dizer o quanto eu amo essa mocinha e o quanto ela se faz importante em minha vida.
Que nesse aniversário, que comemoraremos daqui a pouco, tenha a sabedoria necessária para enxergar os seus obstáculos e encontrar as soluções. Que cresça nas dificuldades, que não me esqueça e que conte comigo. Que seja feliz a maior parte de seus dias, que chore muito de felicidade, que tenha muita saúde, muita paz e amor. Que alcance o sucesso e não perca sua raridade nunca.
Que jamais deixe de ser sincera, forte, crítica, divertida, amável, menina! Esses ingredientes te fazem ser tão especial. São eles que a temperam e a colocam  como um ser tão especial pra nós que felizmente temos o privilégio de lhe conhecer.
Obrigada pela amizade franca e verdadeira.
Obrigada por fazer parte de minha vida.
Obrigada por entra em meu mundo e não o criticar.
Amo você grandão!
Felicidades, minha querida!