Visitas da Dy

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Se lembrar de celebrar a vida!


Essa é uma história que começou na História!
Em meados de 2005, eu acho, sou péssima com números e datas, estava eu matriculada em uma disciplina chatíssima – Brasil Império – que eu não consegui conceber até hoje o real motivo dela durar um semestre. O fato é que eu tinha motivos de sobra para não ir às aulas: não tinha a menor afinidade com a minha turma – são pouquíssimos os amigos de verdade que fiz lá. O professor não me apetecia – e não apetece até hoje. E, claro, minha cama era muito mais atraente, confortável e convidativa.
Faltei a maioria das aulas e tive uma surpresa: teria de entregar um artigo sobre a cidade no tempo do império. Divertidíssimo! Ainda pra mim que não gosto de história do Brasil e muito menos a do período do Império. A segunda boa notícia: era em dupla. E como eu tinha faltado a minha parceria seria com quem também tinha faltado. Um tal de Claudiney Arruda, que nunca tinha visto na vida.
Lá fui eu freqüentar as aulas pra ver se conhecia o carinha. E não é que ele apareceu? Veio com um sorriso lindo e se apresentou: “Oi, sou o Claudiney!” Bah! Foi paixão à primeira vista! Marcamos um café, passamos dias conversando na cantina da faculdade – naquele tempo um lugar onde as pessoas se divertiam de verdade! – e traçamos um plano para fazer o tal trabalho: não teríamos um plano.
Os dias passavam o desespero aumentava e ele teve a grande idéia: analisar crimes de escravos na Juiz de Fora daquele tempo.
Grande! Assinei embaixo. Não tinha lá muita escolha.
Foram dias intermináveis enfurnados no Arquivo Histórico da Prefeitura de Juiz de Fora lendo processos e mais processos dos crimes. Papéis amarelados, letras borradas, mas era tudo bem divertido: conversávamos, brincávamos e como bons historiadores, o ambiente era bem agradável – no fundo a gente adora essas “coisas velhas”! – estar rodeados de fontes históricas tão preciosas era mesmo muito bom, embora não fosse necessariamente o objeto de pesquisa que gostaríamos de estudar.
O trabalho foi bem. Concluímos a disciplina e o próximo passo era o de nos perdermos de vista, já que ele era meu veterano. A amizade se encerraria com o fim do período letivo.
Mentiraaa!
A amizade continuou!
Fomos nos falando mais e mais e hoje ele é só um dos meus amigos mais amados e queridos!
Essa volta toda que fiz, indo lá atrás, no curso de História da UFJF é pra dizer que por muitas vezes, na nossa vida, as pessoas surgem do nada. Sem nenhuma explicação. E que ficam pra sempre.
Não adiantou ele ir morar lá do lado de cima dos trópicos. Não adiantou a gente se formar, não adiantou sairmos do trabalho – trabalhamos juntos no CPC! – não adiantou eu trocar de estado! Ainda nos falamos. Nos queremos bem e nos encontramos sempre que dá!
Hoje resolvi escrever para fazer uma singela homenagem a esse amigo fantástico que é o Claudiney Arruda.
Infelizmente não sou boa com as palavrinhas. Não sei escrever textos lindos e emocionantes, mas esse aqui saiu realmente do fundo do meu coração.

Claudiney,
Sou uma amante de livros, poemas, prosas, músicas, conheço um monte de palavrinhas bonitas, mas acho que não consigo ajunta-las de maneira que sejam suficientemente claras e realistas sobre o tamanho do carinho e consideração que tenho por você.
Uma das melhores coisas que a faculdade me deu foram amigos verdadeiros e sem a menor sombra de dúvidas, te-lo como amigo é uma honra enorme. Não há como agradecer pelo bem que me faz sempre que nos encontramos. Não há como descrever o prazer que tenho com as nossas conversas, nossas “smurfadas”, regadas à comidas – nem sempre tão boas – e a um bom cabernet sauvignon!
Quando mudei-me para o Rio e estive a ponto de enlouquecer, o que me segurou foram as lembranças dos meus amigos, os sorrisos que demos, as festas em que dançamos, os aniversários que já brindamos, em especial aquele que foi no meu baile de formatura!
Ai, quantas alegrias já me deu! Quantas alegrias ainda temos por viver!
Que nossos caminhos continuem se cruzando nessa vida!
Que tenha muito sucesso na carreira que escolher, seja como historiador, cozinheiro – acho um charme você com aquela roupa e chapéu de gourmet! – ou como advogado, nova área na qual está se aventurando!
Um brinde a sua vida, a nossa amizade e a tudo o que ainda temos por viver: que a vida compense e que seja feliz!
Feliz aniversário, meu amigo amado!
Muitos beijos!
                                             Dy.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Daqui, Dalí

Tudo bem. Já passam da primeira hora dessa madrugada e ainda não consegui pregar os olhos. Reviro-me nessa cama de um lado a outro e não consigo chegar a um acordo muito simples comigo mesma: preciso dormir.
Na prática é tudo muito fácil: estou cansada e a lógica deveria ser a mesma de sempre – deitar, fechar os olhos e dormir.
Acho que não é tão fácil.
Sinto-me perdida como a Alice, mas o meu país não é necessariamente o das maravilhas. Contento-me em chama-lo de o fantástico Mundo da Dy.
Nesse meu mundinho estou às voltas com algumas questões sobre mim e minhas posturas que me inquietam: penso que tomei algumas atitudes que não são lá o que eu faria há alguns meses atrás.
Tenho feito coisas que nunca imaginei que faria e algumas outras que até condenaria – e condenava e ainda acho errado – mas, apesar de achar que está tudo errado o coração não se arrepende.
Vivo uma autêtinca batalha entre razão e coração.
A cidade maravilhosa me faz ser diferente, mas por vezes o pensamento que eu trouxe comigo lá das terras montanhosas insistem em bater à minha porta.
Não sei o que fazer, como pensar e nem como será o próximo passo. Isso me tira o sono. Que não sou previsível nem sempre foi uma verdade, mas que tenho me tornado assim a cada dia é fato.
Nada de fazer os caminhos de sempre, de ir aos mesmo lugares, nada de ser muito igual ao resto do mundo e muito menos de ter opiniões dentro desses padrões. Acho que aqui tenho mesmo é saído ainda mais dos padrões ou do meu “não-padrão” já estabelecido há muito tempo.
A minha inconstância aumentou em algumas coisas, a opinião formada se desfez em casos em que eu já dava por encerrado e novos olhares se estabeleceram diante de novos olhos – talvez seja isso, novos olhos!
Ainda penso muito em como alguém pode mudar sem necessariamente mudar. Em como posso sentir culpa sem arrependimento, em como posso quebrar as minhas próprias regras, quando achava que eu não me colocava regra nenhuma.
Tenho pensamentos surreais nesse momento.
A cabeça gira num quadro de Dali, borboletas batem asas entre as minhas ideias e as deslocam de seus lugares originais. O que eu pensava ser certo já não tem tanta importância. O que tinha certeza que era errado virou detalhe que pode ser desprezado, sem que faça a menor diferença.
Mas… os detalhes deveriam fazer toda a diferença! Mas isso foi antes… agora, detalhes são só pequenas partes de nós mesmos que podem ficar um pouco de lado enquanto o pensameno cria novas asas e sai voando com as mesmas borboletas que os bagunçaram e olham, com seus novos olhos esse meu fantástico mundinho.
Para ser Alice falta pouco: tenho um mundo próprio, falo sozinha, danço no escuro, não durmo à noite, fiz da minha casa um jardim de lírios e a melhor de todas: preciso ir pra algum lugar que não sei onde é e, então, qualquer caminho serve… só falta me encontrar com Cheshire por aí – aliás, acabei comprando esse livro, o “Alice no país das Maravilhas” pra mim e descobri que tenho muito da pequena Alice.
Acho que resumindo a ópera não consigo dormir porque tenho a impressão de que o bom e velho Heráclito sempre vem me dizer a sua filosofia mais do que verdadeira de que “O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo do hoje". O mito do rio só se fez mais claro pra mim quando me encontrei no Rio? Ah, não pode ser! Já cansei de falar sobre isso nas salas de aula! Como podia não entrar em crise lá naqueles tempos e agora perder o sono por uma proposição que foi feita no século VI a. C em Éfeso? Não faz o menor sentido. E nada já faz sentido.
Ai, como eu queria ser a moça do quadro de Dali… cujos cabelos são cachoeira e por onde os pensamentos que ousassem impotuna-la se iriam corrente abaixo… e o seu rio de pensamentos seria sempre o mesmo sendo diferente, numa constância inconstante…
Quem me dera eu ter a solução para os porblemas de todos que me pedem ajuda…
Quem em dera eu saber resolver todas as minhas próprias questões, sanar as minhas próprias demandas…
Enquanto não posso fazer nem uma coisa, nem outra, resta-me revirar na cama numa noite quente nas terras cariocas, buscando aquietar o espírito e  coração, buscando o tal do equilíbrio que nunca encontro, já que vivo nos extremos sempre…
Oh, noite quente de céu cheio de nuvens, se não me deixa ver as estrelas porque então não me deixa ao menos dormir pra sonhar com elas? Pelo menos no mundo dos sonhos corro pelas nuvens, escorrego entre as estrelas e posso caminhar lá onde fico sempre com a cabeça: a lua…
O jeito é tomar chá de morango, ouvir uma boa música e esperar o sono chegar… tomara que ele não demore!



Boa noite pra quem é da noite!
Bom dia pra quem é do dia!

Baci,
Dy.