Visitas da Dy

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Embates





Quando já não havia planos, minhas planícies foram invadidas silenciosamente na madrugada quase fria.
E, naquele corpo que há pouco pairava apenas em pensamentos, a lança atravessou, trazendo-o de volta à realidade.
Era como um exército invadindo fronteiras. Era guerra vencida, mas a batalha foi travada.
E, dos corpos que estavam no embate, suor, calor, resistência, força, cadência, suspiro.
Quando o empate alcançado e sustentado foi tido como acordo de paz, almas em chamas precisaram se acalmar.
Das fontes disponíveis para beber, afogaram-se no desejo de saciedade, só alcançado em mais uma luta, dessas que se estendem até o amanhecer.
Não fosse o sono implacável e os olhos desertores, os corpos estariam ainda em luta: certas batalhas são necessárias.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Flluência




Anseio para que sua língua me seja fluente, corrente, por todo meu corpo de palavras.
Que ela me saiba compreender, plena, em detalhes, em cada curva, em cada dobra de sentidos, em cada entrelinha a ser revelada ao se deitar a palavra nos brancos lençóis do papel.
Que não falte imaginação ou criatividade para os contos desvelados pelos quatro cantos desse mundo em que me deito e lhe espero, transbordando pelos poros a vontade de fazer-me poesia pura ou prosa descompassada, desfolhada por seus dedos cuidadosos de autor dos meus desfechos mais secretos.
Sou, assim, literatura acessível, livro pronto a ser aberto, história sem fim de amores, de afetos, de querências e entregas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Horizontais





Pilar de minhas fantasias,
Derrama diante de meus olhos,
Seu néctar da ambrosia.
Padeço de um não querer
Falseado em sussurros de querer cada vez mais.
Entrego-me sem resistência,
Como nau à deriva no seu mar
Nessas horizontais linhas
Em que caibo tão bem.
É nessa cama que me entendo rio:
Deságuo em desejos e ais
Que são cânticos aveludados
Como o toque que me contorna,
Como as mãos que me emolduram,
Como os segredos que me invadem o ouvido.
Sou, nesse momento, toda arrepios
E, inconsciente, me fogem gemidos.
Daqui de onde me deito,
Abrem-se céus de outono
São avermelhados seus entardeceres
E estendem-se as noites contra todo o tempo.
Amanheço à meia-noite.
Floresço no inverno.
Ignoro as estações e suas lições.
Só obedeço meus impulsos de vulcão.
Estremeço e experimento a calmaria
Adormeço aproveitando a companhia
Tenho ares de quem se sacia
Mas por dentro ainda não sei o que é satisfação.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Batalha Campal





Entre os declarados e os que apenas desconfio
Há alguns homens que me passariam ao fio
De suas espadas empunhadas, firmes.
Tomando-me de assalto, cena de filme...
Mas se me cabe a escolha de a quem capitular
É só sob teus olhos que desejo me desnudar.                    
E, sendo fogo entre suas mãos,                                   
Espero que preencha meus vãos
Quando deixarei de ser chama ardente?
Quando sua língua me for mais quente...

domingo, 25 de setembro de 2016

Por hoje, não




(Texto composto ao som de I Have Love You Wrong - The Swell Season, disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=1RCUJav54NU

Olhando assim, de longe, pareço ser como todo mundo, mas tenho asas. Nasci herdeira da liberdade e aprendi a ser algo entre a água (pouco calma, muito profunda) e o fogo (ardente e intensa).
Confesso que desconheço a facilidade quando se trata de meu eu e dispenso as frases feitas e os manuais “de bem viver”. Gosto de ser esse auto desafio constante.
Tenho um coração que me transborda, me afoga em seus sonhos, me cobra o preço alto, mas justo, de quem sabe que não consegue se domar senão pelo afeto.
Bebo, assim, a rebeldia natural da juventude que tem vitalidade e vai sem medo em busca da experiência e sou bicho solto, asas abertas no desconhecido, selvagem vôo no seu brando céu azul de domingo de folga.
Não me agrado com a ideia das rédeas, mas não descarto a possibilidade de ficar. O que não me cabem são as celas, então, se souber fazer de seus braços um ninho, irei pousar e se houver o afeto na dose certa vou querer voltar.
Não gosto do café morno, muito menos quando esfria, então esteja ciente de que o fogo que me ilumina os olhos, corre pelas veias e se espalha ao redor, não admitindo nada que me tente cercear.
Sou, por vezes, aquele enigma da esfinge, mas que traz as respostas ao pé de página, como jogo infantil. Tendo o cuidado no olhar encontrará a simplicidade que me conquista.
Na tristeza me inspiro. Na alegria sou sorrisos. Entre as duas, suporto o dia e desprendo-me na madrugada. Não busco minhas soluções. Aceito meus problemas e a eles dou o tempo necessário para que se dissolvam em luz.
Mas o meu tempo, meu bem, é areia. Se de ampulheta é precioso e limitado. Terá a sua cota. Não a desperdice. O preço pode ser caro para seu parco investimento. Se de deserto, é um tempo amplo, misterioso. Será um convite à descoberta. Também ao conhecimento. Alerto-lhe que há movediças, mas também oásis. Atravessar-me, então, será escolha sua.
Tenho quereres infantis e fantasias proibidas para menores de 18.  Tenho preguiça de quem não sabe o que quer e quero tudo e quero agora.
Gosto de ser livre, mas em algum momento posso questionar porque me deixa tão solta. Saiba ser a presença, o toque, o sussurro e todos os meus espaços serão mantidos e preenchidos ao mesmo tempo. Parece paradoxal, mas é tudo muito simples.
Ah, e se eu disser que lhe gosto, entenda que é real. Não preciso de tipos. Por hoje, não. E não preciso que seja recíproco, apenas sincero. Apenas claro. Preciso que seja. Qualquer coisa. Mas que seja.