Visitas da Dy

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Galhos Secos

 







A noite estava pálida.

Cortada por ventos que prometiam chuva.

A silhueta da velha árvore

Diminuía a cidade e suas luzes:

O choque entre luz e sombra,

Entre o infinito prateado lunar

E a vida que teima em durar.

Galhos secos de histórias,

Meus olhos cheios de saudade.

Escrevi pensando em você.

Não há instante maior que esse:

A repentina lembrança,

O bem-querer-te-ver e seguir

Como quem só admira a paisagem.

Fingi estar bem, mas, aqui dentro,

Mil sons te chamavam. 

Eu estava em silêncio.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Tiro à queima-roupa

 



Você matou à queima roupa

Um tanto de amor-menino.

Que começava a tatear suspiros.

Que já tinha lugar cativo.

Que reluziu seu peito aberto,

Cabelo ao vento,

Desfeito de armadura.

E você armado, preparado...

Pronto para atacar

A qualquer movimento subversivo de carinho.

E você atirou, silencioso, certeiro,

Quase injusto.

E há um tanto de amor falecido,

Outro tanto resistente, contido,

Em frangalhos, se reconstruindo.

E a armadura vai voltar ao seu lugar

Pra esconder cicatrizes e dores

Que parte do amor ainda vive?