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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Repúdio in versus

 


(Poesia-repúdio em defesa da Democracia, da República e do Patrimônio Cultural, Histórico, Artístico e Arquitetônico vandalizados nos atos criminosos e bolsonaristas, em Brasília, no domingo, 08/01/2023).




Vi ontem, na imundície do pátio,

Animais ensandecidos, em galopes alterados,

Devastaram desde a grama

(Que outrora comiam) 

À arte que os representava

(Mas essa, eles não entendiam).

Vi ontem, um bando desordenado

Vomitando ódio, defecando escárnio

Em prédio público, em coisas públicas,

Pelo fato de serem mimados.

A cegueira dessa gente é de alma:

Pedem armas contra todos,

Mas quando voltam-se para eles, choram.

Essa gente grita, esbraveja e pede intervenção,

Mas quando ela chega, repudia a repressão.

Alegam estar dentro das quatro linhas,

Mas rasgaram a Constituição.

Diziam-se democráticos, 

Mas atentaram contra a Nação.

Fiéis cegos de um genocida,

Discípulos de uma plana geografia,

Oradores de rasa filosofia.

Destruidores da memória.

Manchadores do tempo e da História.

Seus nomes não serão esquecidos.

Estarão no hall da infâmia, 

Junto com outros bandidos.


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Umbigo de Rosas





Em algum lugar de minha árvore ancestral,

Sou dos índios.

Lá onde o céu era mais infinito, 

A noite mais estrelada e profunda.

Em algum tempo ancestral,  

Semeavam-se cordões umbilicais

Em pés de plantas longevas:

Ambos teriam as memórias da terra, 

Ambos teriam as raízes da terra.

Em algum lugar do tempo,

Minha avó tomou-me dos braços de minha mãe,

E abençoou-me e elevou-me aos céus.

Meu avô semeou - ritual - ao Sétimo Dia,

Meu cordão umbilical ao pé da roseira.

Eram rosas vermelhas, suas preferidas.

Delas, compartilho a cor: vermelha como brasa,

Um tanto a mais de espinhos

E no umbigo carrego o cheiro de rosas.