Visitas da Dy

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Desamor




Engana-se quem pensa
Que esse é um poema de amor
Na verdade ele é de desamor,
Desalinho,
Desapego.

Desobediência...

Jurei não escrever,
A caneta teimou.
Os sentimentos parecem ter vida própria
E riem de toda dor
E do que ela causa.
Ah, a dor...
Rainha de gelo
Que ri dos corações atordoados.
Se fosse falar de amor
Traria no cabelo, antes, um ramo de flor.
Mas acabou-se a primavera
Foi-se embora o ardor
E só vi seu vulto pela janela
Por todo desconforto que causou
Essa ausência, essa mágoa
Viro um pequeno passarinho
Desapego-me de você em forma de canto
Mais bonito e mais leve do que qualquer pranto.
Mais desobedientes que as lágrimas
Só meus pensamentos,
Teimosos, tinhosos, velozes:
Pisco os olhos e ele voa
Não sei pra onde,
Tenta encontrar algo entre ruas, rios e fontes...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Flor de Saigon II





Entre as pedras tentou se esconder
Imersa nas sombras tentou não sorrir
Num breve cálice quis se afogar
Mas por que quis de nós se afastar?
Qual mal fizemos pra ter de aguentar o mundo,
Mais cinza, mais vasto, mais largo,
Sem a cor dos teus olhos e o balançar dos teus cabelos?
Caprichoso o tempo desobedeceu as suas vontades:
Teimou em não se esvair.
Agora ele se deixa passar de leve,
Tentando amenizar a dor, a incerteza,  os espaços.
De leve ele a leva e a traz
Deixando que se perca nos muitos abraços que lhe trazem meus braços
E os de todos que a circundam.
Por ser rara, brilha, entorpece, incomoda.
Por ser cara, é joia:
Guardada na caixinha coração de todos que lhe possuem.
E acredite, bela flor de Saigon,
Poder guardar um pouco do que é
não é, se não, dádiva dos deuses.
É honra dourada em banquete de alegria.
Que as outras flores todas te saúdem:
Elas perdem  de longe pra tua beleza,
E até o sol com sua quentura se envergonha:
Seu sorriso aquece mais que aquelas cabeleiras loiras.
Desabrocha em mais uma primavera,
Mostra tuas pétalas morenas ao mundo:
Ganha mais quem pode lhe admirar.
Ganhamos nós, que podemos lhe amar.

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Para a minha amada amiga, Josi, que vive nas terras mineiras, um pequeno mimo, que não expressa mais do que um pouco do tanto que eu sinto por você.
Um feliz aniversário, minha querida!
E que saiba que, especialmente esse ano, é uma alegria imensa celebrar mais um ano da sua vida!
Que nos brinde com muitos outros, sem desaminar com os obstáculos da caminhada.
Eu te amo um tantão bem grandão, que nem cabe aqui, nem em mim, nem no coração: extrapola os rumos até da imaginação!
Um beijo,
dy

terça-feira, 24 de julho de 2012

Síntese




Ah, e não me venha com suas análises sobre mim.
Cansa-me essa sua busca pelos meus pontos fracos.
Se de perto ninguém é normal,
O que o faz pensar que eu seria?
Não me olhe como quem procura deslizes...
Não é preciso mais do que um olhar superficial  para notar minhas cicatrizes.
Aqui fora posso ser de pedra, forte, inabalável,
Mas aqui dentro, onde só eu sei o que tem,
Onde só eu convivo, sou de pó, frágil e insegura.
Porque a alma é corroída de ciúmes,
Porque com a vida sou exigente,
Porque carrego a insegurança e a incerteza,
Porque escorrego pelos dedos de quem tenta segurar.
Ser escorregadia às vezes é bom, dá um tom descontraído,
Às vezes é ruim, deixa vestígios de solidão.
Para cada caminho, um sonho,
Para cada descaminho, uma marca,
Para cada dia, um aprendizado.
E para cada passo uma nova estrada,
Uma nova escolha, uma nova indecisão
E a grande questão: será que era o mais certo?
O que mata na escolha é o caminho que se deixa pra trás.
O que embala meus dias é a incerteza da certeza que tenho,
O paradoxo que vivo e revivo a cada instante.
Se continuar a fazer suas análises sobre mim, desiste.
É tempo ainda.
Entender quem se quer se entende é perder tempo.
É soprar um dente de leão, que se desfaz leve ao vento.
É fatiar um coração, ver escorrer seu sangue
E perceber que o sentimento era o que pulsava,
O que ousava dar a vida
E não só aquilo que se via.