Visitas da Dy

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Lâmpadas mágicas






Eu não me lembro de serem tão grandes...
Nem quando estavam tão próximos. Nem quando eu me via refletida em suas profundezas. 
E, sem nenhuma dúvida, eles me encantavam como se fossem lâmpadas, as mágicas, que servem de morada aos djinns. 
Eu gostava de ver como brilhavam nas penumbras. E eu me lembro de vê-los me seguindo um dia ou outro, traçando o contorno de meu corpo.
Mas, naquele dia em que eu precisava de um alento, um poema ou um afago, tudo o que tive foram seus olhos. 
Parecia coisa pouca, eu sei.
Paisagem de um deserto imenso, céu sem lua, mas de pouco breu, tamanho afeto que transmitiam.
Eram os mesmos olhos de sempre, mas, um pouco maiores, capazes de me envolver e aconchegar e ninar.
Eram lâmpadas mágicas e eu uma djinn, sem poderes, de fato, mas, pequena, lépida, recolhida naqueles olhos que me guiaram até o sono. Um sono profundo e quase castanho influenciados pelos olhos que me faziam vigília.
Eu não me lembro de serem tão grandes, mas, cada vez mais, envolvem-me e crescem.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Fuga




Cada letra uma esperança,
Cada palavra um labirinto,
Cada sonho um fio.
Em noites longas e frias,
Com luas à míngua,
Perdia-se em arranjos poéticos
Tão bonitos quanto desesperados.
Era um perder-se em pensamentos
Encontrando-lhe no frescor da fantasia.
Eram abraços não dados,
Beijos desperdiçados
E dias seguidos de um isolamento
Mais de si do que do social.
Era um reinventar-se diário
Arrastando-se na pandemia.
Nada tinha de bonito,
Mas, sua fuga era a poesia.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Névoa



Ainda me assusta a sutileza
Que traduzida em palavras me assalta:
Do boa noite ao bom dia,
Pairo, inocente, em querências.
Queria caber na intenção de seus versos.
Queria crer que não são aleatórios,
Mas, ainda tenho sombras e frio
E uma densa nuvem me impede de ver seu calor.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Tanto






Que eu saiba, em minhas luas,
Compreender seu tempo,
Sua missão,
Seus ensinamentos
E toda a sua parte que me cabe.
Que suas palavras sejam claras, 
Inteiras e certas como flecha:
Para o bem ou o muito bem 
Me acertem em cheio
E me matem de amor
(Seja por você ou seja o próprio).
Eu que lhe quero
(Tanto e tão bem), 
Quero, antes, sua certeza,
Sua grandeza e seu riso.
Quero saber seu som e suas cores
Só porque os deseja compartilhar
E eu os quero acolher,
Como quem conhece os riscos
E ainda assim decide seguir.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Lareira




Então, faço-me quieta, silenciosa,
Mas, por dentro estou em sobressaltos.
Existindo entre futilidades e noticiários,
Descobrindo-me sensível e forte,
De quereres intensos e imediatos, Violentamente genuínos.
E quedo-me absorvida por seus olhos
Pela paz e calmaria de seus olhos que ardem.
Não tenho pensamentos bons nem maus,
Mas, (im)pacientes e crescentes.
Nominados. Endereçados. 
Quentes. Lareiras no inverno da saudade.



sábado, 11 de julho de 2020

XXVIII - O Cigano

 



Sabes que a hora é essa.

Sabes que a ação parte de ti.

Para quem sabe onde quer chegar,

Força para lutar não falta

E coragem é o move os sonhos.

Não se deixe enganar por ilusões:

É tempo da razão.

Planeja e faz:

O movimento deve ser imediato

A estrada foi feita para ser caminhada




sexta-feira, 10 de julho de 2020

XXVII - A Carta

 




À hora, à hora...

Não há tempo que desacelere

Nem segredo que se cale.

Sob o céu de nossos dias

Todo envelope se abre 

Todo segredo se expõe

Toda palavra chega aos ouvidos

Então, que as bocas falem

Os ouvidos ouçam:

Só a palavra liberta

E desfaz os nós dos silêncios.

Que nos reste dúvida:

É preciso ter diálogo para viver

quinta-feira, 9 de julho de 2020

XXVI - Os Livros

 



Há dentro de ti segredos.

Guarde-os.

Há dentro de ti sede de conhecimento.

Aprenda.

Sua jornada é de aprendizagem

Seus passos, de crescimento.

Compartilhe saberes e vivências,

Mas guarde para si seus planos.

Esteja atento aos detalhes:

Entrelinhas e silêncios falam.

Saiba ouvir a vida,

Seja parte do tempo,

Da dança da vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

XXV - O Anel

 



Comprometa-se consigo.

Descubra sua verdade.

Estabeleça laços profundos.

Não teça nós. 

Teça redes.

Nenhum homem é uma ilha.

Nenhuma andorinha voa sozinha.

Cerque-se de amores,

Aceite carinhos e incentivos:

Relações de afeto florescem

E se fortalecem para o bem.

Envolva-se com a força da paixão

E construa, todos os dias, 

Um caminho de realizações.



terça-feira, 7 de julho de 2020

XXIV - O Coração

 



Crê que o amor existe,

Encontre-o no espelho.

Ali, imersa em si, cresça.

Não importam as madrugadas.

Não são tão longas as tempestades

E todo céu que se parte ao meio

Pari um novo azul.

É chance de ser imensa,

De experimentar levezas e harmonias.

É o momento de deitar ao sol

E sentir-se em plenitude.

As emoções movem o mundo

Descubra cada uma delas

E aprenda a desfrutar

Ame!

segunda-feira, 6 de julho de 2020

XXIII - O Rato

 





Não há trava mais em seus olhos

Que as ilusões que cria para si.

Afasta-se de tudo que fragiliza:

Aduladores, astutos, oportunistas.

Acorde para o seu destino

E mude seus rumos,

Tome prumo.

Nada é fixo e imutável

Mas, a paralisia lhe ronda.

Saber observar, despertar é virtude.

Abra ouvidos e boca:

A palavra pode ser sua força.


domingo, 5 de julho de 2020

XXII - Os Caminhos

 





Eis que ao sentar à beira,

Abrem-se os caminhos.

Atalhos, desvios, estradas:

De quantas coragens se faz um passo?

Quantas incertezas precedem o movimento?

Na bagagem, pouca, só o que é bom.

Peso morto vira pedra,

Pedra vira construção,

Complemento de paisagem.

Daqui em diante é tudo chance,

É tudo largo e profundo.

É tudo caminho feito pelos pés do caminhante.

É tudo tempo atrás de tempo.

Resiliência

Aprendizagem

Coragem


sábado, 4 de julho de 2020

XXI - A Montanha

 



Não se preocupe com o tempo.

A roda do ano é lenta

E cada estação tira, em acordo,

As justas folhas do calendário.

Se o desafio assusta, descansa.

Seja firme nas escolhas,

Assuma decisões

E entenda: a vida é turbilhão.

E, por muitas vezes, nem sim, nem não.

Aprenda a digerir talvezes,

A contar saberes,

A reunir forças para a escalada.

A montanha é alta,

Mas, não é intransponível.

Sempre haverá um caminho.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

XX - O Jardim





No tempo certo, sementes.

Dormências, desafios,

E, de novo o tempo:

Da cura, do descanso, 

Do florescer, da colheita.

Com as podas, aprender a crescer.

Com as horas, o amadurecer.

Agora, senta à sombra de suas histórias,

Acolha e seja a acolhida.

É no seio da terra que se fortalece.

É no seio da família que expande.

Agora que sabe ser flor,

Receba borboletas:

Elas colorem seu caminho,

Iluminam sonhos,

Elas alegram seu jardim.


quinta-feira, 2 de julho de 2020

XIX - A Torre

 






Não há nada que lhe fortaleça

Que não lhe habite.

Não há nada que lhe derrube

Que não conheça a fundo.

O olhar para si é o mergulho intenso

Voltar à superfície é saber se salvar.

Erga-se imponente

Mas não esqueça de suas bases:

O que sustenta também faz cair.

Construa sua história

Protegendo suas raízes.

Aceite com as pausas.

O silêncio é mestre do tempo,

Seja aprendiz de si mesmo.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

XVIII - O Cão

 




Aquele que ampara e acolhe.

Fiel companhia.

Quem se alegra com sua chegada,

Quem, no infortúnio, 

Lambe suas feridas.

Eis sua sorte grande,

Sua estrela guia:

Aquele que vem, completa e harmoniza.

Aquele que protege, cuida 

E é para toda vida.

Só a verdade dura.

Só o amor cura.