Visitas da Dy

segunda-feira, 29 de junho de 2020

XVI - A Estrela

 




Tudo tem sua hora e lugar.

O passado, deixe estar.

Agora é tempo de renovar,

Transformar, crescer e brilhar.

Não se prenda ao que passou

Assim como águas passadas 

Não movem moinhos,

Tempos idos não abrem caminhos.

Ouça seu coração,

Sua intuição,

Seu eu.


domingo, 28 de junho de 2020

XV - O Urso

 



Parece o Canto de Ossanha,

Que um dia o poeta cantou:

"O homem que diz "dou" não dá, porque quem dá mesmo não diz"

E o recado se faz em força:

Atenta ao que lhe bajula 

Porque falsidade se cria num triz.

Domina sua força e sabedoria,

Usa seu faro e se guia.

Desate seus nós um a um

Para não se arrepender no fim do dia.

Espera calado e observa

As voltas que o mundo dá.

Espera quieto e em prece

Que tudo de resolve e passa a agonia.

Selecione bem os amigos.

Escolhe bem o que planta.

A colheita vem ainda que tardia

E não recebe nada que não merece

Sempre será de suas mãos a messe.







sábado, 27 de junho de 2020

XIV - A Raposa

 



A mão do destino brinca.

Dispõe as peças a seu bel prazer.

Surpresas. Armadilhas.

Encontros. Desencontros.

Desperte sua atenção.

Observe os detalhes.

O que está ao lado?

Cautela e sabedoria são as chaves do mundo!

Seja a raposa ágil.

Seja a espreita.

Seja o discernimento.


quinta-feira, 25 de junho de 2020

XII - Os Pássaros


 


Sob o céu, sua paz,

Suas escolhas, sua liberdade.

Sub os céus, suas preces,

Seus vôos, suas companhias.

Sob o céu, ainda que caibam tristezas

Haverá sempre mais um dia.

Sê como os pássaros:

Alça vôo, canta, mas, volte para o ninho.

Construa seu plano, sua jornada,

E saiba que dividir é multiplicar,

Que a revoada é em bando,

Que a solidão não compensa.

O equilíbrio é a chave!

quarta-feira, 24 de junho de 2020

XI - O Açoite

 



Aceite suas responsabilidades.

Encare a vida, os desafios.

Não há nada maior que você,

Sua força, sua energia.

O açoite faz a justiça:

Cabe a você usar da sabedoria,

Assuma sua própria liderança.

É chegada a hora do passo

Largo, bem dado, firme.

Receba as consequências,

Acolha o fruto de suas escolhas

E saiba entre o bem e o mal

Só há uma linha tênue

Cruza-la só depende de seus pés.

terça-feira, 23 de junho de 2020

X - A Foice




É chegada a derradeira hora:
A dor, o pranto, o fim.
Não que colecione lágrimas,
Não que mereça as dores,
Mas, por lhe caber o novo,
Cresça através da poda.
Abra mão de seu lugar comum,
Aceite quebrantar-se
E receba um mosaico de novidades.
Expandir os olhares,
Acolher as mensagens,
Transformar-se.
A foice não é o fim.
É o processo.
Colha!

segunda-feira, 22 de junho de 2020

IX - O Buquê




Cabe ao amor ser tanto que expande.
Dissipa obstáculos,
Aplaca os medos,
Transborda em sorrisos,
Conquista as almas.
Cabe ao amor colorir os dias,
Trazer a felicidade,
Experimentar a plenitude,
Colher os frutos meus doces.
Cabe ao amor o perfume das flores,
A beleza do buquê de cores,
O merecimento das glórias,
A leveza de quem se realiza.

domingo, 21 de junho de 2020

VIII - O Caixão




O tempo, as areias do deserto,
O vento, as intempéries...
Tudo passa: sua dor, sua luta,
Seu rancor, seu medo, sua tristeza.
Que os dias não lhe pesem
Mais que o necessário
E que saiba desfazer-se:
De tudo que não lhe cabe,
De tudo que não lhe ensina,
De tudo que nunca foi
E ainda teima em carregar.
Encerre seus ciclos
Cure suas feridas
E renasça.
Tudo é passagem!
A vida é caminho.

sábado, 20 de junho de 2020

VII - A Serpente




Palavras sutis e disfarces,
Mal-me-quer, mas, bem-me-engana.
Sussuros, segredos,
Entredentes, ardis.
O perigo espreita,
O bote se arma.
Quais segredos seu lado escuro guarda?
De quantas sombras é feita sua noite?
Afasta-se da língua que fere,
Do olho que cobiça,
Da mão que domina.
Recolha-se em si
E aprenda a renascer
Em um outro dia
Em solidão.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

VI - As Nuvens



Aquieta a alma nesses dias nublados.
Recebe a mãe do tempo em seu peito.
Ela também é senhora das tempestades:
Ainda que o caos assuste
É nele que tudo se cria.
Raios partem seu céu
Como as dúvidas cortam seu ser,
Mas, deixe estar, deixe passar: 
Logo a nuvem se dissipará
E a clareza lhe falará aos ouvidos.
Contemple a beleza do que está distante
Entregue-se ao destino:
Mãos amigas lhe amparam e cuidam.
Descanse à sombra das horas.
 





 

quinta-feira, 18 de junho de 2020

V - A Árvore




Do teu passado, semente,
Firmam tuas ancestralidades, família.
Prende-me ao chão, raízes da razão,
Sem que eu me esqueça de outrora,
Sem que eu desonre a tradição,
Mas, que eu saiba crescer
Com as podas da vida,
Que os cortes doam, mas, libertem.
Que o novo (re)nasça em mim
Para a elevação,
Para a transformação,
A vitalidade do ser.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

IV - A Casa




É teu ninho, teu porto,
Seu lugar no mundo.
Onde semeia afetos,
Onde colhe amor.
Seja bendita a tua casa,
Os teus laços invisíveis
Que o tempo sagrado consolida:
Tua casa, tua família, teus amigos.
Benditos sejam os conselhos que a ti são dados:
Fortalecem tua alma,
Confortam teu ser.
Bendito o lar que te acolhe
E protege: é ali que vai crescer.

terça-feira, 16 de junho de 2020

III - O Navio / O Mar


Largo e profundo, de mistérios e encantos.
Quanto de teu sal verti em solidões?
Quanto de teu azul nasceram de minhas dores?
Quantas de tuas ondas foram partidas?
Mas, o que parte aqui, chega adiante,
A margem é distante, mas, tangível.
E se te fazes forte na tormenta,
É que conheces bem o caminho:
Dentro em breve haverá bonança.
Aceita teus ais, tuas idas, asas partidas
E lança teu navio ao mar.
Só ele (e o tempo) são a cura,
A transformação, o novo cais.
Aceita tua rota, segura o leme e vai.






segunda-feira, 15 de junho de 2020

II - Os obstáculos / espiritualidade




Havia uma pedra no meio do caminho,
Um obstáculo, um desafio,
Um quase desespero aos olhos cansados.
Mas, lá no fundo, com os olhos da alma, a calma:
Os troncos desafiadores eram mais:
Um ponto qualquer de descanso,
De respiro, de reflexão, de renovo.
Uma pausa para o sagrado encontro interior:
Você, sua luz e sua força,
A necessidade do mover-se,
A garantia do crescer.
Ouça seu coração e não desista.
Transcender é urgente.

domingo, 14 de junho de 2020

I - O Cavaleiro / A Coragem



Seja rio, água clara, que desvia, mas segue.

Seja forte, tome as rédeas,

Deixe fluir os sentimentos

E não recue diante dos obstáculos.

Sob seus pés está o mundo

Descobri-lo é seu caminho.

Tome a taça da coragem,

Embriague-se de si mesmo:

Tem todas as armas ao seu dispor,

Então, lute!

São de seu sangue, seu suor e sua fé

Que florescerá seu reino.

Seja rio, água clara, que sabe ser calma,

Mas, que também sabe devastar.

Desafie o medo.

sábado, 13 de junho de 2020

São João Cigano




Faíscam pelo céu os desejos.
Ardem fogueiras nos festejos.
Do mar salgado português,
Da terrinha ancestral, raiz,
Recebemos a bandeira de São João,
As cores de povos ciganos,
A alegria de uma fogueira
Que aquece todo coração!
É festa no céu estrelado,
É festa no chão semeado:
João, meu São João amado,
Dá-nos força e coragem,
Dá-nos beleza em nosso bailado.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Pesos e Medidas



Quem define o peso do fardo,
O tamanho do passo,
A hora certa?
Atalho ou desvio?
Posso eu ditar as curvas do caminho?
De certo, lhe pouparia do cansaço,
Do esforço, de toda minha agonia,
Mas, o que fazer se lhe quero companhia?
Hoje a noite parece mais fria.
Hoje reflito sobre pesos e medidas
E tudo que não me cabe gerir:
Ninguém sabe o que o outro pensa.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Fim de Outono





Acostumei-me à escuridão,
Aos silêncios, penumbras.
Acostumei-me aos vinhos solitários,
Aos sábados longos e lentos,
Como o fim do Outono.
Aos romances apenas nos livros.
Acostumei-me tanto ao frio,
Que me assusto com o calor que emana,
Com as brasas de seus olhos,
Com suas palavras aconchegantes,
Tão normas e macias.
Com a luz que suas mãos representam.
Como romper esse véu
E descortinar o querer?

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Amadurecimento





Cabe mais calma no caos do que se imagina.
Tem mais beleza no Outono do que se espera.
Fosse eu crente, louvaria aos deuses:
Não pelas dádivas, mas, pelos mistérios.
Aqueles sagrados mistérios que brotam no vento,
Que renovam os ares.
Mas, sendo eu herança de fogueiras, danço.
E cultivo pouco mais que sementes:
Palavras e versos. 
E aprendo outro mistério:
O da espera da colheita
(O amadurecimento).

terça-feira, 9 de junho de 2020

Girassóis incendiados





Há tanto sol em sua presença
Que todo azul é pouco.
E se me ofusca os olhos,
Deles sem faíscas
Que acendem tantas chamas 
Quanto a primavera a-flora.
Incendeio os girassóis em meus cabelos,
E danço com os tambores
Que em meu peito tocam.
Sua chegada me encanta,
Seu amor me apavora.








segunda-feira, 8 de junho de 2020

Anoitecer


(Anoitecer do dia 06/06/2020, por Saulo Otoni)



Ainda antes da noite cair,
Da escuridão vencer,
Suas cores vivas brilham no céu.
Seus vermelhos encantos,
Suas douradas vitórias
Traduzem-se em fé.
Enquanto, sob o céu, os homens se perdem,
É sob sua guia que me movimento:
Há dor, cansaço e desânimo,
Mas, por suas cores, há o alento,
A esperança, o amanhã.
A Senhora do Tempo sorri.
A Filha do Tempo cresce.
O Tempo sabe e passa.
É na peleja do vermelho com o castanho 
Que a beleza salta e alivia.

domingo, 7 de junho de 2020

Pão e Vinho




Eis que dos paradigmas
Coube a ti ser as quebras,
Os descaminhos, os desafios.
A mim, relutante, a reflexão,
O ponderando, o risco.
O passo dado, firme.
A queda brusca, livre.
O pão, o vinho, a lágrima.
Do sorriso fez-se o silêncio.
E, mais uma vez, 
Misturei-me ao tempo,
Ao vento, à reconstrução.

sábado, 6 de junho de 2020

Café com conhaque





Fui descrente dos perigos,
Neguei os atestados todos.
Mordi todas as maçãs,
Trilhei todos os atalhos.
No peito vazio, flor.
Na boca entreaberta, teu sabor.
Era pouco mais que café e conhaque,
Que tarde e prosa e repente.
Era tanto que crescer já nem cabia
E agora, sinto-me perdida.
Se abraças minhas tempestades, afloro.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Khansin



Tens olhos de outono
Como se a estação pudesse,
Por mágica, se resumir
Em um único brilho, única cor.
Tens olhos de outono,
Folhas secas que, voando a qualquer léo,
Pousaram em mim e sequer vi.
Tens olhos de outono,
Mornos como o sol de terça-feira,
Que envolvem-me como Khansin*,
Quente, seco, forte, persistente.
Tens olhos de outono
Que acalmam minhas tempestades
E aquietam meus pensamentos.
Tens olhos de outono
Que me desabrocham, acolhem e domam
Como se me coubesse tal sossego de espírito.
Como se me fosse possível ser mais que eu.
Como se em meu peito se abrisse 
Algo maior e mais azul que o céu.

*Khansin - em árabe, vento quente, seco e arenoso que sopra de sul no norte de África.