Visitas da Dy

domingo, 23 de outubro de 2011

Olhos para o mundo




–  Pode ir mais devagar com o carro?
– Posso, mas vamos demorar mais.
– Não tem problema. Quero ver cada detalhe desse caminho.
– Você e sua mania de olhar tudo.
– É que gosto de passar por essa serra. É linda. Quero guardar tudo isso na memória.
– Mas é só uma serra. Igua a muitas outras. E podemos passar por aqui mais vezes. Aliás, você já conhece bem esse caminho.
– Sim…
– Então, por que essa coisa de “ver cada detalhe”?
– É porque gosto de me lembrar, oras. Quero ver como as folhas das árvores dançam quando o vento as acaricia, ver como o verde fica mais bonito com os raios do sol, como o sol rompe as nuvens…
– É tudo muito bonito, mas é só uma serra.
– Quero olhar com olhos apaixonados, olhos que capturam pra sempre, que conseguem perceber as singelezas, que fotografam. Quero ter os olhos bem abertos pra que possa rever toda essa beleza quando estiver lá em baixo na correria da cidade e cercada pelos prédios com suas escalas de preto-branco-bege-e-cinza, que os compõem. Quero estar atenta para poder absorver esse cheiro que sai da mata com a terra molhada pelo fio de água que escorre pelas montanhas rochosas. Quero sentir o vento balançar os meus cabelos e pensar que sou como as árvores, que se deixam balançar sem compromisso. Quero mesmo é matar essa saudade antecipada que sinto dessa paisagem, só de pensar que vou demorar a ve-la novamente.
– Invejo essa serra…
– Por quê?
– Porque você parece ama-la de uma maneira tão grande…
– Amo os caminhos pra onde ela me leva…
– Às vezes acho que você gosta de tudo. Olha para as coisas como se sempre fosse uma descoberta…
– E são. Sempre há detalhes para serem descobertos. Nada é igual sempre.
– Filosófica…
– Realista.
– Apaixonada…
­– Saudosa…
– Não vamos chegar num acordo?
– Talvez… Pode parar o carro?
– Pra quê?
– Pra subirmos naquela pedra.
– Pra quê?
– Aff… pra eu te mostrar o tamanho do mundo.
– Não vai dar pra ver.
– Então agora você entende!
– Entendo o quê?
– O modo como eu olho para as coisas.
– Não.
– É que nunca vou conseguir olhar o mundo todo, por mais que eu queira, por mais que eu me esforce, então aproveito para olhar bem tudo o que posso, porque não posso olhar tudo. Não posso saciar essa vontade enorme de conhecer todos os lugares, sentir todos os cheiros, ganhar todos os sorrisos, então aproveito bem todas essas coisas que eu tenho ao redor.
– Você não existe…
– E você nunca vai entender…
– Quer chiclete?
– É pode ser. Posso ligar o som?
– A conversa entediou você? Pode ligar o som.
– Não. A conversa tá boa. Tô me explicando pra você. Isso é bom, mas é que preciso de uma trilha sonora pra essa viagem.
– Trilha sonora?
– É… é que o meu filme da vida é igual a qualquer outro: precisa de trilha sonora pra ser completo.
– Você é mesmo diferente…
– E você é corajoso para tentar entender.

sábado, 22 de outubro de 2011

Noturno II



              Por muitas vezes ela olhava a lua nas noites quentes enquanto ele dormia pesadamente na cama, palco de seus momentos de cumplicidade.
Era uma “filha da noite”. Gostava de ficar acordada enquanto todos dormiam. Gostava do silêncio das madrugadas, o que parecia contraditório já que ela afirmava não gostar de silêncio e passava a maior parte do tempo ouvindo músicas ou cantando.
Gostava de ver o vazio das ruas, o voo de aves noturnas. Gostava de dar asas aos seus pensamentos e isso acontecia com mais freqüência nas noites, no escuro, naquele silêncio aveludado.
Naquela noite, ela parou para conversar com a lua. Revelou-lhe o medo que sentia de vê-lo partir um dia. Ninguém sabia ao certo, mas ela era insegura, pensava muito em várias possibilidades para cada situação, para saber como se comportar, justamente para esconder essa insegurança toda, para esconder a sua fragilidade. Às vezes, não raro, conseguia, mas por dentro ela tremia.
Lá no fundo de seu coração, olhando aquele corpo adormecido, ela sentia que o fim estava próximo, que aquela história tinha um prazo de validade.
No escuro ela se perguntava se de fato o amava. Apesar do tempo em que estavam juntos ela não sabia responder se era amor ou se era costume e começou a imaginar situações  para tentar entender o que se passava.
Aos poucos deixou de imaginar e se pôs a lembrar os momentos que passaram juntos, os sorrisos, as lágrimas e os abraços – ela adorava abraços!...
Voltou a olha-lo dormindo, relaxado, tranquilo, entregue aos sonhos, imerso nos lençóis e na noite que seguia lenta...
Num instante ela sorriu e percebeu que era mais um caso desses “amores passageiros”. Mais uma paixão que ela colecionaria. Olhou o rosto dele sereno na penumbra do quarto. Lentamente se vestiu, pegou a bolsa e foi para a porta. Antes de sair ela ainda escreveu um bilhete para ele: “mais um amor que virou bom dia...”. Deixou o papel sobre a mesa. Virou as costas e partiu, porque logo o sol romperia a barra da noite; porque algumas pessoas passam por nossas vidas só par deixarem uma saudade gostosa, para nos lembrarmos que existem momentos felizes. 
Partiu porque entendeu que a vida era curta demais para que ficasse ali, sem ser sinceramente feliz.
Ela saiu daquele quarto rumo à sua felicidade que só podia ser construída por ela mesma e que não seria ao lado dele.
             Ela partiu porque descobriu naquele momento que a felicidade é uma coisa na qual precisava correr atrás.
              

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sobre o amor e suas sutilezas



Comecei a organizar os textos que escrevo para não me perder no meio de tantas palavras.
Percebi que tenho temas bem próximos, alguns repetidos, mas o que mais me chamou a atenção foi a facilidade com a qual nomeei uma das séries: “sobre o amor e as suas sutilezas”… lindo! Delicado e tão próximo do que é mesmo o amor: uma variação de sutilezas!
Decidi escrever um texto específico com esse título, pensando nessas sutilezas e só consegui pensar em uma pessoa: minha mãe. Então, para ela, um texto simples, cheio de sutilezas e amor!

Sobre o Amor e suas Sutilezas

(Para ler e depois ouvir Linha do Horizonte – Azymute, uma das músicas preferidas de minha mãe e minha por herança…)

Então lá na década de 80, precisamente em 1984, ela, um moça com seus 19 anos tem um bebê e se torna a minha mãe. Ela não sabia mas naquele dia 20 de novembro ela tinha perdido o seu nome (Edna) para ser chamada pra sempre de “mãe”.
E assim se fez. Virou mãe e cumpriu com louvor a sua tarefa de educar uma menina meio quietinha, meio voltada para seus livros, que crescia e queria mudar o mundo, que achava muita coisa estranha e falava tudo o que pensava.
Hoje, olhando para essa estrada que dura 26 anos percebo o quanto minha mãe, Edna, soube me mostrar todas as sutilezas que podem envolver o amor.
É nessa madrugada quente, insone e ainda com o cheiro da chuva que caiu sobre as terras cariocas por todo o dia que os meus olhos se enchem d’água quando percebo que se hoje eu sei o que é o amor é por conta dela, que todos os dias demonstrava como a vida era, com suas dificuldades, mas sem desanimar e mostrando que quando se ama tudo fica mais fácil.
Para além de eu amar minha mãe só porque ela é minha mãe – e disso ninguém escapa – eu a amo por tudo o que ela é, e experimento nela as várias formas de amor.
Aprendi com ela que o amor é incondicional, que é forte, que supera desafios, que consegue romper as dificuldades.
Muitos anos depois entendi que o amor é sacrifício. É abrir mão de um ou dois ou muitos sonhos para ver o sonho do outro realizado. E eu que pensava que isso fosse uma espécie de autonegação, entendo que é amor: porque às vezes amamos tanto que só queremos o bem e a felicidade de quem amamos.
Vi que o amor é apoiar projetos malucos de uma filha que de repente cisma que vai estudar numa escola que nem sabe onde é; que é achar esquisito alguém que se forme em História, mas apoiar cada etapa de um vestibular.
É ir no quarto de madrugada levar um chá e recomendar um cochilo quando vê a filha se matando de estudar, imersa numa insônia que dura semanas.
É ir no quarto, mesmo quando o seu bebê tem mais de 20 anos pra cobri-lo em noite de inverno.
O amor é dizer não na hora certa. Vai ouvir uns resmungos, umas birras, tolerar uma tromba maior que a de um elefante, mas vai ver que lá na frente o não valeu a pena e trouxe mais valores do que ela imaginava.
Amar é cantar MPB para as crianças. É colocar bandinhas dos anos 70 pra tocar nas festinhas de aniversário dos filhos, ver que eles se divertem e gostam daquilo e que os coleguinhas fazem cara de paisagem… e… é ver que dias depois todo mundo sabe quem é Beatles, The Zombies, Abba.
Uma sutileza do amor é assistir filme de romance enrolada nas cobertas com a filha e chorar litros.
Um presente é poder levar a filha para a maternidade e ganhar um neto no dia do aniversário!
O amor é escrever uma carta de despedida para ir morar em outro estado… é usar Djavan para explicar o que se sente, para mostrar que “amar é um deserto e seus temores”, mas que tudo na vida só faz sentido porque só se sabe “viver se for por você”.
Aprendi com minha mãe que se ama os amigos como irmãos que não se tem, e muito mais, porque esses são escolhidos por nós: fazem parte de nossas vidas, de nossas histórias porque permitimos, porque, de fato, os aceitamos como são e isso é amar!
Por fim, aprendi com minha mãe que amar é assumir muitas responsabilidades, mas é ter o coração pequenininho e mesmo assim fazer de conta que está tudo bem. É não mostrar o medo, porque alguém tem que ser forte nessa casa! É só contar que teve medo depois que tudo já passou…
Amar é deixar voar. É ter olhos saudosos por antecipação frente ao vôo dos filhos, que exploram outros céus, mas sempre voltam pro ninho…
Se tem alguma coisa sutil e intensa é o amor de minha mãe, que recebi, que sinto e que espero, de verdade, saber mostrar para o meu filho.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Dia de chuva


        
           Nos dias chuvosos fico sempre mais pensativa. Gosto de ficar na janela vendo as gotas de chuva caírem no chão, lavando as calçadas, lavando que passa desavisado nas ruas, lavando meus pensamentos que não me deixam desligar um segundo sequer.
Quando chove penso que o céu está se livrando de tudo aquilo que mandamos a ele todos os dias: as preces, os desejos de que as coisas melhorem, os sonhos que queremos ver realizados, os agouros que sofremos e jogamos nos outros.
Se a gente não agüenta, por que o céu agüentaria? Se nós choramos, por que o céu não choraria? A chuva, na verdade não passa das lágrimas do céu escorrendo pelo infinito que ele circunda...
E por ser lágrima, vem de um choro natural, de desabafo, e nos ajuda desabafar também.
Às vezes durmo com o barulhinho da chuva. Durmo envolta nos pensamentos que vã se lavando, se tornando mais límpidos e leves à medida que a chuva cai.
Às vezes choro com a chuva. Aproveito a carona e deixo as minhas lágrimas caírem, que é pra ficar com a alma lavada.
Às vezes tomo banho de chuva: e como é bom ter a água escorrendo pelos cabelos, molhando o rosto, os olhos, os lábios... molha as palavras que tive que engolir a seco em alguns momentos, molham os olhos e ajudam a lava-los para que eu possa ver o que realmente está por trás de determinadas situações, lava os cabelos que quando estão ao vento desejam ser acariciados.
Gosto da chuva. O cinza dos dias que ela cai nos dá a exata medida de nostalgia necessária para entendermos que ninguém é feliz a todo o tempo, mas que ninguém é triste a vida toda.
Gosto das gotas de chuva escorrendo pelo vidro da janela. Elas me fazem perceber que acreditei a vida inteira que tudo passa, mas na verdade isso é uma falácia. Assim como as gotas d’água que escorrem pela janela e que só completam um ciclo, a vida é assim: as coisas não passam. Só ficam guardadas no sótão da nossa alma, empoeirando-se, esperando alguém entrar lá e revira-las e traze-las à tona. Tudo está envolvido num grande ciclo.
Em dias de chuva penso muito. Em dias de chuva sou menos alegre, mas não muito triste. Em dias de chuva fico na linha tênue de sentimentos: nem lá, nem cá, no meio. Um pouco mais perdida, um pouco mais sentimental, um pouco mais sem rumo...


domingo, 16 de outubro de 2011

Rio que caminha pro mar


Porque não há nada melhor que um banho de mar para lavar a alma, para lavar o rosto e misturar o sal das lágrimas ao sal natural.
Porque o mar me renova preciso ve-lo de quando em vez… preciso ter a exata noção de como é ser água, porque me sinto rio e me sinto mar.
Sinto-me rio de interior, calmaria aparente, sossego, destino certo: sair das montanhas, desaguar no mar. Sou esse rio que transcorre as montanhas, desce a serra e busca desaguar num braço de mar… sou rio que sabe desviar das pedras ou que passa por cima delas. Só depende do momento, da necesidade. Sou rio de coragem que se joga sem medo no abismo e se torna cachoeira, bonita de se ver, perigosa de se arriscar.
Sinto-me mar. Salgada. Às vezes por muitos observada, mas por muito poucos compreendida. Sou mar em dia de domingo ensolarado, cheio de alegria, de pessoas que o aproveitam e se divertem. Posso levar a caminhos desconhecidos, a terras distantes, trazer alegrias que deixam os olhos faiscantes. Posso ser tranquila ou violenta. Maré que sobe devagar ou ressaca de sexta-feira 13.
Sou rio e sou mar. Atravesso serras e planícies sem rumo certo, sem direção apontada, mas o destino desse rio é sempre o mar e aqui está o espetáculo de ser água, de ser eu, rio que desagua em mim mesma, o mar.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Telefone


(Para ler ouvindo Outono – Adagio  de Vivaldi)



– Oi.
– Oi.
– Só isso?
– É.
– Tá tudo bem?
– Não convem falar… (com uma voz desanimada)
– Mas eu quero saber. Liguei pra isso.
– Ah, tá. Tenta de novo amanhã, então.
– Não é assim que funciona. Quero mesmo saber. Achei sua voz muito desanimada. É sempre tão alegre.
– (…)
– Não vai falar nada? Conta seu dia, seus planos, a música que tá ouvindo…
– Você é chato.
– E você teimosa. Tá tudo bem?
– Tá tudo indo…
– E… indo pra onde?
– O que é isso o Tribunal da Inquisição?
– Pode ser. Mas diz: tá tudo indo pra onde, posso ir também? Pode precisar de companhia…
– Afff… de tão chato vou acabar contando.
– Então conta… é pra isso que liguei, pra saber, porque me preocupo quando fica em silêncio. Sei que detesta silêncio e que não sabe ficar quieta. Quando fica quieta e sem fazer barulho boa coisa não vem… e qual é a música? Ouço violinos?
– É Vivaldi. Outono – Allegro. Mas quer ou não saber como estão as coisas?
– Quero.
– Tá tudo indo… indo pro ralo. Indo por caminhos que desconheço. Tomando rumos que não entendo. Parece tudo errado, por mais que eu saiba que tem muita coisa certa. Tô surtando?
– Hum… acho que ainda não. Deve ser coisa que você leu e que fez isso. Você sempre fica dias remoendo um assunto só… e sempre complica tudo, por mais simples que possa ser.
– Sabia que não devia ouvir música clássica… quando ouço fico assim, pensando muito mais nas coisas.
– Então não pense.
– E faço o que com as dúvidas?
– Dê tempo a elas.
– Heim?
– Dê tempo a elas: não precisa buscar suas respostas no exato momento em que as perguntas surgem. E nem precisa se aborrecer por não encontrar as respostas…
– Sou cientista…
– Não. Você acha que é. Você brinca de achar respostas, acha que existe explicação racional pra tudo, mas não existe. E nem você acredita muito nisso. É a garota racional mais passional que eu conheço.
– Só de vez em quando…
– Só de vez em sempre…
– Não tô entendendo…
– Mentirosa…
– Bobo…
– Por que ainda perde tempo se fazendo de durona? Todo mundo sabe que você chora vendo filmes, que lê poesia e ouve Chico todos os dias. Diz que o príncipe encantado não existe, mas acredita que vai encontrar  o amor da sua vida na próxima rua. Detesta cor de rosa, mas sua flor preferida é uma das mais delicadas que já vi. Não grita quando vê uma barata, mas chora quando se lembra de certos olhos… é uma moça bem durona… nada romântica… ahã… consegue mesmo se enganar por todos esses anos?
– Não tô me enganando. E quer parar de acertar as coisas sobre mim?! Sou tão previsível assim?
– Hum… deixa eu ver… depois de uns 20 anos de convivência? É… é bem previsível. Mas ainda me causa surpresa em muita coisa. É bem dosada. Transita bem entre o previsível e o imprevisível.
– Tô velha?
– Não. Tá com uma excelente idade.
– Hum… é que esses “20 anos” me soaram pesados…
– Como está agora? Lembra que quando tinha 15 anos ficava pensando em como seria aos 25? Então, como está agora, melhor ou pior?
– Diferente. Não é nada do que eu pensava. É mais legal. Agora penso como vai ser ter 30… se vou ser uma pessoa melhor…
– Não devia pensar nisso. Devia viver o agora sem se questionar muito. Tem filosofado bastante. Isso não tá sendo muito bom pra você… tá te deixando cansada.
– É… é que me sinto sozinha…
– Então me liga…
– Todo dia?
– Toda hora.
– Sério?
– E desde quando não foi?
– Quer um mate?
– Prefiro suco…
– Vamos passear?
– Vamos… aliás, abre a porta, saio do elevador em 30 segundos…
– O quê?
– Abre a porta!
– Tô de pijamas…
– Então abre a porta e se arruma… é dia de tomar vinho…
– Ih, peraí, tem alguém na porta…
– Sou eu…
– Uai, é mesmo!
– Precisava te entregar uma coisa…
– Que coisa?
– Abre a porta!
– Oi! (muito animada)
– Oi!
– O que veio me entregar?
– Nada… é só um abraço, que eu sei que você adora e que precisa de um toda vez que fica em silêncio, pensando… acertei?…
– Agora não vou responder… tô curtindo o meu abraço…

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Poeminha da correria

Eu paro
Tu corres  
Ele me liga
Ela te olha
Nós nos desencontramos
O dia passa..
A vida vai...
A correria, essa continua
E as horas sempre são poucas,
mas no fundo, 
só pensamos no encontro de nossas bocas


... será isso o que move a vida?