Visitas da Dy

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Quem Ama Cuida



“Quem ama cuida.” Já cansei de ouvir essa frase, mas nunca tinha dado a devida atenção a ela. Que riqueza podemos encontrar em tão poucas palavras… quantas ações maravilhosas já aconteceram entre eu e outra pessoa só porque essa frase expressa uma verdade linda!
Só fui refletir sobre a importância do famoso dito popular ontem à noite.
Não raro me despeço de meus amigos dizendo “se cuida”, mas depois de ontem mudei. Passarei a dizer ”te cuido”.
Explico: parei pra pensar em quantas pessoas conseguem me fazer sair de casa, do convívio com meus livros e músicas e preguiça e ir até elas porque precisam de um colo, de um cuidado, um carinho.
Comecei pensando às avessas: quantas pessoas já largaram alguma coisa e vieram cuidar de mim? Quantas se deram ao trabalho de me ligar ou me escrever pra saber como eu estava? É… acho que tenho poucos amigos de verdade… talvez não encham os dedos das mãos… mas esse pouco que tenho já me é suficiente para eu me sentir cuidada, segura, envolvida em carinho.
A partir daí pensei em quantas vezes ou para quantas pessoas eu me desprendi para ajudar ou me disponho a ir ao encontro dessas pessoas para dar um pouquinho de atenção. Não foi surpresa alguma que também não cheguei a encher os dedos das mãos, mas é que são poucas pessoas muito amadas!
Ontem pensei nisso porque recebi um pedido de socorro: uma amiga precisava de colo. Prontamente atravessei a cidade o mais rápido que pude e passei uma tarde inteira com ela, ouvindo, falando besteirinhas, planejando, lembrando, abstraindo, cuidando.
Sobre a palavra cuidado, do latim, nos remetemos a cura nas relações humanas, da amizade, do amor. Amor que está intimamente relacionado com os amigos, afinal, em sua raiz original, também do latim, “amicus” contém em si o verbo “amar”, logo, amigo é aquele a quem amamos!
Faz todo sentido que quem ama, cuide e cuide bem!
Fui lá cuidar da minha amiga, da minha flor de Saigon.
Foi bom pra mim reve-la, tentar acalmar um coração que já ajudei a ajuntar os pedacinhos em uma outra ocasião, com quem divido momentos felizes e tristes, risos e lágrimas, foi bom ter conseguido ganhar um sorisso e ter dado um abraço gostoso e apertado.
Mais do que isso foi bom eu ter ido lá pra que ela saiba que sempre que chamar eu vou estar por perto, porque isso é bom pra gente se sentir amado, se sentir importante e saber que as pessoas sentem nossa falta, se entristecem com nossos porblemas, mas que tentam nos ajudar, como podem, a supera-los.
Para aqueles que conseguiram me tirar de casa em vários momentos pra ganhar um colo, que já me fizeram atravessar a cidade, a Guanabara ou até mudar de estado só pra dar um abraço e um carinho, saibam que são muito amados.
Para aqueles que já me deram colo, que já me cuidaram quando eu precisei, obrigada por me fazerem me sentir amada!
Queridos amigos, não se preocupem, desde sempre eu cuido de vocês.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Autorretrato




(Sempre achei lindo os pintores que faziam seus autorretratos. Era quando eu via essas obras de Van Gogh ou de Tarsila do Amaral que eu entendia como as obras de arte conseguiam mexer com todos os nossos sentidos e nos mostrar poesia... algum tempo depois deparei-me com o “Auto-retrato” de Mário Quintana, que me encantou mais ainda e me fez desejar um dia ser capaz de escrever algo que me definisse por mim mesma. Algo do tipo “Quem é você?” e, então, com palavras soltas fiz o meu próprio autorretrato.)





Eu... por eu mesma

Sou menina sapeca,

“levada da breca”...

Timidez em pessoa

Despistada em alegria.

Olhos bem vivos

Risada espontânea

Palmas pra vida!

Pulinhos de felicidade!

Vermelha de vergonha, olho por chão.

Sem graça, passo a mão na nuca

Ansiosa, já não durmo

Nervosa, me agito.

Quieta só quando entregue ao sono

Silêncio só quando distraída.

Músicas?

Trilha sonora pra vida!

Poesias?

Embalam todos os meus dias!

Notívaga,

Sou fã da lua...

Pelo brilho das estrelas meus olhos parecem os de uma coruja.

As palavras são sempre lançadas

Da boca que não tem travas.

Os braços sempre buscam abraços

Os beijos sempre querem ser dados,

Mas esperam pacientes, o seu destinatário.

Ganha-me o coração

Quem enxergar minha alma.

Decifrar os meus segredos

É enigma de esfinge.

Dou um doce pra quem acertar

Uma palavra que me define.

Entre pedras e flores,

Amores.

Entre cabeça e chapéu,

Dúvidas que vão até o céu.

Do desvario sou salva

Com a caneta e o papel.

No fundo tenho um coração que arde

Se iludindo na busca da verdade...




*** Em tempo: o senhor Google me disse que de acordo com a  nova ortografia a palavra autorretrato passa a ser grafada sem o hífen e com o “r” dobrado. Sim, acho feio de doer, mas fazer o quê?***

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Esses Braços


Quando vier me pedir conselhos, saiba que eu os darei. Separarei os melhores que tenho. Os que são mais sinceros. E, por mais que meu peito possa doer eu lhe direi, olhando nos olhos, para ir em frente.

Irei lhe presentear com meus sentimentos verdadeiros, porque é assim que tem que ser com quem amamos.

E se quiser saber se fica bem de azul ou verde ou preto, vou rir e dizer que as cores é que ficam bem em você e não o contrário. Vou dizer pra usar azul ou verde ou preto, mas que prefiro lilás. E depois vou dar uma risada bem boba, dessas que eu gosto de dar jogando a cabeça pra trás e batendo palmas, achando graça em coisas simples.

Quando estiver na dúvida se tem amigos de verdade ou se alguém é ou não seu amigo, o que lhe direi é que não conheço o resto do mundo, mas que a minha amizade é sincera e vou oferecer meu sorriso como complemento da resposta.

Se me procurar quando estiver sem rumo vou te levar pra caminhar na praia, na praça, no por-do-sol, para que tenha alívio, para que saiba que andar por aí sem planos não é de todo ruim: nos permite ver as belezas do mundo e isso acalma a alma.

Quando precisar se sentir seguro vou te levar pra casa, trancar as janelas e portas e esconder a chave ou nada disso! Vou só dar um abraço, porque às vezes nele terá mais cuidado que em mil portas trancadas.

Pode ser que o mundo pareça um quintal, que saia por ele brincando de desbrava-lo, que caminhe para lugares inimagináveis e belos, que busque a felicidade com todas as suas forças, por todos os mundos que não sabemos que existem. Pode ser que a encontre e que me dê um pouquinho! Pode ser que não a encontre lá longe, que volte, achando que ela está bem aqui onde deixou, no final do corredor, embaixo da escada, dentro do guarda-roupas bagunçado, numa caixinha ou dentro de um envelope... essas coisas sempre passam pelos nossos olhos e não nos damos conta...

Às vezes vai ver que nenhum santo ou mantra ou penitência é capaz de curar os nossos próprios problemas, quiçá os do mundo. Vai entender que a solução para nossos problemas somos nós mesmo: nossas posturas, atitudes, ações.

Longe de casa pode parecer tudo mais frio, mais escuro ou mais claro e mais cheio de vida. Só vai saber se enfrentar. E se me perguntar o que acho que deve fazer, por mais dolorido que seja vou dizer para você ir: porque a busca por si só já é bela e já é parte da resposta.

Se for ficar por lá, que se lembre de mim em uma prece, em uma canção, em uma foto e que me avise. Fico extremamente feliz quando sou lembrada.

Se for voltar para casa, venha correndo, porque aqui tem uns braços que, talvez só nasceram pra te abraçar...

Cantora de Bar



Eu sempre quis ser

Uma cantora de bar

Dessas que se arrumam com uma flor no cabelo

Um batom vermelho

E na voz um blues...

Eu sempre quis cantar

 pra te conquistar

Pra te causar arrepios nessa pele

Pra sussurrar meus segredos

Mais ardentes

Em seu ouvido

E te ver tremer...

Mas no seu palco eu não tenho plateia

Eu não tenho atenção

É que você não aprendeu

A ouvir minha canção....

Eu sempre quis ser

Uma cantora de bar

Dessas que se arrumam com uma flor no cabelo

Um batom vermelho

E na voz um blues...

Eu sempre quis cantar

Meio leve, assim meio sem jeito

Brincar de não ser eu

Ser uma diva no palco

E arrasar com um jazz

Só que  minha voz não dá samba

Então eu fico aqui com o rock’n’roll

(o que eu sempre quis ser!)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Ver Navios


Segunda-feira. Bah... detesto segundas-feiras. Isso nem é novidade. Todo mundo tem um dia da semana ou do mês ou do ano que não gosta. Eu tenho vários: são TODAS as segundas-feiras, que bem poderiam se chamar segundas-feias.

Estou em Campinas, tive um final de semana agitado e uma bela insônia na virada do domingo para a segunda. Maravilha! Dormir três horas na noite é tudo que eu preciso pra virar um... zoombie. Com muita sorte viro um simpático panda.

Às sete da manhã – quê????? – eu estava de pé, trocar de roupa, maquiagem, café, bolsa, celular, fones de ouvidos, ônibus, UNICAMP, congresso e no meio da tarde FEBRE!

Parei por um momento e quis logo ir pra casa. Não para a casa que estou hospedada, que aliás, merece aqui toda sorte de elogios, mas para a minha casa mesmo. Não para a do Rio... a de Juiz de Fora. Aquela que tem minha mãe e meu filho!

Distâncias à parte fui para a casa da minha amiga mesmo. Me joguei no sofá com as luzes apagadas, casa vazia, bolsa no chão, cabeça rodando. Parei pra pensar em quem poderia cuidar de mim.

Sabe quando você faz uma listinha de pessoas que gosta e começa a pensar se essa pessoa se disporia a cuidar de você, pois é, fiz isso.

Em poucos minutos a conclusão: ninguém vai cuidar de mim! É que chega uma hora que a gente cresce. Vira gente grande e aí a sua mãe vai te dar só um pouquinho de colo, porque ela tem outros afazeres e você também. Eu tenho um monte de coisas pra fazer e não posso ficar aqui curtindo a minha febrinha – que ainda não tem um motivo evidente – só porque é segunda e eu não gosto desse dia. Não posso querer que o mundo pare por mim. Que alguém pare pro mim.

Tá bom, vai... arrumei aí alguns candidatos a meus cuidadores. O drama não é pra tanto, mas uma coisa fique clara: não é porque ficamos doentes ou tristes ou alegres ou indecisos ou sei lá o quê que nossos amigos, amores, familiares vão descer de seus mundinhos por nós. Eles podem nos dar carona, segurar na mão, diminuir a velocidade, mas parar, nunca!

O que eu demorei a entender é que estar longe não significa “não estar”. Não correr até você, não significa que não se importa. Não parar, não é falta de carinho. É tudo ao contrário. É estímulo pra eu levantar da comodidade e recomeçar a correr atrás da vida, se não ela passa e eu, ah, eu fico a ver navios.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Equilíbrio



Um dia me disseram que a gente pode até demorar, mas aprende a viver com o tempo.

Um dia me disseram que nem todas as pessoas eram boas, que nem todas reservariam pra mim o mesmo tempo que eu reservo a elas, que nem todo mundo é confiável,

Recusei-me a acreditar nessas afirmações. Acredito que nem todo mundo é lobo por dentro e sempre destinei para as pessoas um tratamento igual.

Acontece que às vezes, quando eu mais preciso de um sorriso, de um abraço não encontro um braço que me caiba. Não encontro uma mão estendida e volto a pensar em tudo o que me disseram um dia.

Tenho dias de ser só sorriso, tenho noites de ser só lágrimas.

Tenho dias de fazer tudo por alguém, de mover mundos, fundos e montanhas. Tenho noites de precisar de quem segure a minha mão e não encontro.

Nessas noites penso que há alguma coisa errada: ou me dedico às pessoas erradas e elas se aproveitam disso e não se importam comigo; ou penso que estou agindo da melhor maneira possível e não estou ou o mundo anda tão desregulado que eu já não entendo mais nada.

Juro que tento todos os dias acreditar que viver bem é fazer o bem para quem nos rodeia, mas e se ninguém fizer nada por mim? E se eu ficar com esse medo danado de estar sozinha o tempo todo? E se um dia eu me cansar?

Não, eu não quero pensar que não terei uma mão pra ajudar. Também não quero pensar que faço coisas para ter outras em troca, mas tem dias que me canso de só dar e os outros receberem...

Tenho dias de canseira, tenho noites de insônia.

Tenho vontade de sumir, mas tenho vontade de voltar e ficar aqui, porque longe dos meus a vida seria bem mais difícil e, um dia, as coisas entram nos seus devidos lugares. Eu sei que entram... o equilíbrio é difícil, mas não é impossível.

Sobre voar: a tecnologia




Imersa nas emoções que o primeiro vôo de avião me causou pensei muito na tecnologia e em como ela ajudou os homens a ganhar os céus, imensidão de azul, salpicada de branco e, antes, destinada apenas aos seres alados.

Ao entrar na “máquina voadora” tremi. E fiquei assim por um bom tempo. Sempre disse que meu medo de avião era pelo fato de EU não saber voar. Por mais seguro que possa parecer, que as estatísticas afirmem eu não imaginava a possibilidade de voar e a adiava ao máximo, mas dessa vez não tive escolha.

Enquanto olha pela janela veio-me à mente a questão que tomava conta do imaginário dos homens desde os primórdios: o sonho de voar.

Rapidamente refiz um trajeto que foi ter suas raízes com alguns mitos e lendas que conheço.

O grande sonho de Ícaro, lenda grega, era voar perto do sol. O jovem desobedecendo seu pai, Dédalo, voou próximo ao sol, teve a cera que estruturava suas asas derretida e caiu no mar Egeu.

Bem mais tarde, em meados do século XV, Leonardo da Vinci desenhou máquinas de voar que levariam o homem aos céus. No século XIX apareceram os balões bem leves e o desafio por máquinas que fossem mais pesadas que o ar não era ultrapassado, até que alguns inventores conseguiram voar em suas engenhocas. Ainda não temos um acordo sobre quem foi mesmo o “pai da aviação”, se  Santos Dumont, os irmãos estadunidenses Wright ou o francês Ader, mas o fato é que no século XX o homem conseguiu o que queria. Chegou até o azul.

Usando suas asas mecânicas, seus recursos especializados, cálculos e mais cálculos, conseguimos um meio de transporte rápido e que nos levasse para mais perto do lugar pelo qual sempre tivemos fascínio.

Particularmente o céu me encanta. Seu azul leve, constante, as nuvens que passam como quem desfilam diante de nossos olhos empurradas pelo vento, os raios do sol que, teimosos, furam as nuvens só pelo prazer de dourar nossas terras, as estrelas, a lua, a imensidão.

Na me canso de olhar para o céu e vejo o quanto chegar o mais perto dele possível era importante para o homem: o desejo foi responsável por séculos de estudos e ainda o é, porque nunca se consegue encontrar seus limites.

Talvez seja porque não há limites.

Talvez seja porque o céu é o lugar propício para as nossas idéias e por isso é tão grande: para que possamos crescer cada vez mais.

Já conseguimos voar. Já estamos mais perto desse azul encantado, mas não soubemos só aproveitar as vantagens, ver as paisagens e refletir sobre nosso lugar no mundo, sobre o solo no qual pisamos. Fomos além disso. Fomos além da beleza. Fomos capazes de usar algo que nos mostrava o lado mais belo, que não podíamos imaginar e nem ver de nossa perspectiva terrestre e limita em armas de destruição.

Mas essas são reflexões de outro post...

Desejos




Eu não sou perfeita! Não adianta, não consigo! 
É questão de jeito mesmo... não sei fazer carinha de “Barbie na caixa” ou de paisagem só para agradar...
Eu não sou perfeita e tenho gostos e definições próprias, tão particulares que formam um universo paralelo, um lugar-qualquer entre aqui, ali e Nárnia, onde listo os meus desejos e corro atrás deles.
Aos domingos eu gosto mesmo é de ficar de pijama o dia todo. Ou de atender bons telefonemas... topo sair se for pra ver gente interessante, se for pra jogar papo pro ar. Mais do que isso já tenho que pensar se vai valer a pena.
Segunda-feira, pelo menos pra mim,  devia ser o dia da preguiça: se eu pudesse não ia trabalhar. Ficaria em casa de pantufas ou iria à praia. O pôr-do-sol das segundas-feiras na beira da praia é mais que lindo. É uma celebração à vida. 
A noite foi feita pra pensar. Não gosto de dormir nas madrugadas. Gosto de ouvir música, ler e escrever. Gosto de lembrar como foi o dia, pensar nas pessoas que amo. Gosto de conversar com o escuro e com Deus e de tentar entender os meios com os quais Ele fala comigo...
Acho que o dia foi feito pra dormir até o meio-dia. As doze badaladas deveriam ser o start das atividades. Partir para o mundo, que tem um monte de tarefas pra serem feitas, é bem mais animado depois que o sol está no meio do céu. 
(Ainda me pergunto como consigo sobreviver aos dias que começam antes, às 6 da matina, como os meus. Não faz sentido nenhum acordar para acordar o dia, embora isso tenha um quê de aventura, de descoberta, de [re]começo... Deve ser isso que dá energia para as pessoas!)
Trabalho não é sofrimento. É um “sacro ofício”, que deve ser feito com gosto. Eu adoro trabalhar, mas detesto quem vai para o trabalho de mau humor. Ninguém merece cara amarrada o dia todo. 
A virtude de distribuir sorrisos não é para todos, mas faz bem a todos, então, que façamos dela uma prática diária, um exercício de leveza.
Sorvete tem que ser de morango ou de frutas vermelhas. Há sabores que são indescritíveis e que permanecem vivos na memória. Frutas vermelhas é o meu gosto de lembranças....
Sapato tem que ser confortável, bonito, preferencialmente de salto alto, da liquidação. Tá bom, aceitei o tênis nos últimos tempos só pra caminhar e correr... já parei de correr. Caminhada só até a biblioteca, mas um dia animo a esticar os passos...
Amigo tem que ser companheiro. Pode faze convite para programas estranhos, mas tem que topar um cinema alternativo, uma comida diferente, uma peça fora do circuito convencional. E tem que fazer rir. Tem que ser braço e abraço: para amparar e impulsionar. 
Criança não pode ser birrenta. Tem que ter medida, tem que ter dengo, tem que ter brilho nos olhos e muita fantasia, mas dispensemos as melindrosas!
O céu tem que estar bem azul, um azul abusado, de beleza quase enjoativa, de entorpecente profundidade que acende ideias e faz ter vontade e voar e espanta o medo de avião. Céu cinza me deixa triste. Deixa tudo mais pesado, quase frio e haja animação e sorriso para pintar sóis onde as nuvens teimam em esconder a dinâmica florida das tardes.
Música é da década de 70 e 80, bem alta, no fone de ouvido pra dançar sem medo de ser vista por quem está do lado. E o tempo todo. Trilha sonora para a vida! Trilha sonora para pensar, para dormir e acordar. Música é uma daquelas coisas divinas, igual à poesia...
Vestido é melhor que calça jeans. Cachecol é elegante. Colete também.
Não há homem que não fique bem em um terno bem cortado e nem mulher que não tenha “salvação” num salão de beleza. Abençoada a maquiagem nossa de cada dia e o batom rosado para emoldurar um "bom dia"!
O Habib’s é uma casa de “comida árabe” que vende bolinho de bacalhau e banana split e onde as esfihas são de cebola-com-alguma-coisa.
McDonald’s e Bob’s vendem um lanche horroroso que prefiro nem comentar, mas que como nas urgências da fome e da correria.
Não há nada mais lindo que um sorriso bem espontâneo.
Não há cheiros melhores do que de livro novo e de filho de banho tomado.
Um abraço bem apertado tira qualquer peso do nosso dia.
Não há saudade que resista a um reencontro e não há encontro que não deixe saudades logo depois do “tchau”.
Bom dia, boa tarde e boa noite não caíram em desuso, é sempre bom ouvir essas saudações, mas só as faça se for de coração: desejar um bom dia tem que ser de verdade. Falar por falar já basta a moça que mora dentro do meu computador e diz que as minhas “atualizações foram feitas com sucesso”. Obrigada!
Minha situação está preta: a conta bancária está no vermelho, por falta de verdinhas, mas eu queria mesmo era que o saldo aparecesse em azul.
Batata frita é mais deliciosa com Coca-cola, mas prefiro café.
Água de coco no fim do dia é o melhor drink do mundo.
Ver seu filho te receber o portão é sem dúvida a única coisa que você gostaria depois de um dia cheio, principalmente se está a quilômetros de distância. A saudade nesse caso é ácido que vai corroendo o coração. 
Planejar os sonhos é não esquecer de cada detalhe e a perfeição não existe, por mais que a busquemos, mas sempre temos meios de melhorar. Realizar os sonhos é ver que quase sempre acontecem de repente e que fogem um bocado do planejado, mas dá uma sensação maravilhosa e uma vontade de planejar mais.
Gosto de gato, de cachorro e de peixinho de aquário, mas tenho dó dos peixinhos que nadam em círculos.
Gosto de dormir com a janela aberta e ver a lua lá no céu. de contar estrelas e pegar no sono quando perco a conta, de tentar enxergar as constelações que os gregos antigos juravam ver.
Gosto de queijo com goiabada, de pastel de queijo e de poesia.
Não! Não sou perfeita... não quero ser perfeita. Quero mudar todos os dias. Quero brincar de não ser eu, furar a dieta, não correr e não malhar, não ter culpa disso, não discutir com o travesseiro, não quebrar o despertador, mas quero poder andar pelas ruas sem rumo, respirar fundo, olhar o horizonte e depois olhar para trás e ver tudo o que fiz. Quero olhar todas as minhas escolhas e perceber que eu as fiz e fui feita por elas, num processo saudável de crescimento. Que poder olhar tudo e dizer: eu fiz a minha história e gostei de tudo!
Quero realizar os meus desejos e ter novos todos os dias. Quero, quero, quero-quero, a vida em passos largos bebida em conta-gotas.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Vôo



Dizem por aí que “a primeira vez a gente nunca esquece” e bem acho que dessa vez vai ser verdade. Algumas das minhas “primeiras vezes” eu fiz questão de esquecer, outras eram tão bobinhas que passaram batidas, mas algumas são realmente marcantes.

Ontem andei de avião pela primeira vez. Antes tarde do que nunca. Pensei que fosse morrer na decolagem: aquele “trem” corre demais da conta! Dá um apertinho no coração, uma agonia meio seca na garganta. Era um medo gigante! Deve ser coisa de quem é marinheiro de primeira viagem.

Tive “sorte” meu assento era na janelinha. Afffffffff... acho que o rapazinho da companhia aérea fez de maldade. O comandante avisou para a tripulação se preparar para a decolagem e eu segurei forte nos braços da poltrona. Lembrei do conselho do Raphael: “canta a música do Belchior!”, mas preferi cantar o Chico (Buarque) e cantei “meu cabelo é cinza e o dela é coooorrrrr de abóoooboraaaaa” (Essa Pequena). Ui, um tranquinho e lá estava aquele avião de toneladas voando... lindo!

Essa foi uma experiência incrível que me fez pensar em muitas coisas: na maravilha que é a tecnologia, só pela idéia de ver um avião voar, o que é no mínimo impressionante; na grandiosidade do mundo, que visto lá de cima é lindo, pequeno, frágil; nas sensações que nós, pobres mortais, sentimos; na mesquinhez, crueldade e mediocridade da raça humana.

Menos de uma hora de vôo, algumas músicas do Chico no mp3, o céu da cor dos olhos do meu filho, as nuvens branquinhas sendo “furadas por mim”, as distâncias diminuindo, o coração batendo mais forte e um monte de coisas pra escrever que a partir de agora darão início a uma série de textos que virão na sequencia...

Uma coisa eu digo: voar é muito bom. Viajar renova as baterias, a visão de mundo e deixa a gente com vontade de conhecer mais lugares.

Ah, e sobre o pouso do avião foi muito mais tranqüilo, nem senti! Quando vi estava já em solo... pronta para desvendar novas terras nunca “d’antes navegadas”...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fim de Caso



Em tempos de lhe ver as horas passavam devagar.

Eu me alegrava sempre muito antes do tempo...

É que só de pensar em lhe ver, os olhos brilhavam.

E quando chegava era festa em casa!



Em tempos de lhe ter longe as horas parecem se arrastar

Por mais que eu tentasse não encontrava um passatempo.

E fechava os olhos imaginando por onde seus pés andavam...

Enquanto isso a saudade me arrasa.



Em tempos de não te ver nunca mais

Não tenho alegrias, não tem carnaval...

Os olhos não brilham, o tempo parou.



Em  tempo de só lhe ter na lembrança, sou só ais

Suspiros melancólicos, lágrimas de cristal.

Coração despedaçado pelo amor que acabou.

Pessoas Interessantes


 

Peguei-me a pensar essa semana enquanto caminhava pelas ruas nas várias pessoas que conheço, claro, depois de observar uma cena: uma dupla de amigos dizia que hoje em dias tem sido cada vez difícil encontrar pessoas com as quais eles passariam boa parte do tempo sem se entediar.

E não é que é verdade?!

Tenho uma pequena lista de pessoas com as quais eu sento pra tomar um café e a tarde e a noite voam... ou ainda que me pegam de papo e viramos a “madruga” sem sequer perceber.

Tem sido cada dia mais difícil encontrar alguém que seja cheio de conteúdo! E não falo aqui de conteúdo “acadêmico” ou que leia os jornais e saiba tudo de tudo. Refiro-me a pessoas que conseguem te prender seja pela alegria, pelo que sabem, pelo sorriso, pela companhia agradável.

Adoro pessoas que me prendem a elas sem que eu perceba. São laços tão sutis que me fazem ser feliz, dividir o tantinho que eu sei com elas e pegar o máximo que elas têm a me oferecer.

Gosto de conversar, gosto muito. E gosto de absorver cada gota do me é falado, de aproveitar bem a pessoa que está comigo.

Gosto das pessoas reais. Aquelas que assim como eu ficam feias na foto 3x4, parecem ser muito mais felizes do que são pela ótica dos vizinhos, que soltam um palavrão quando dão uma topada com o dedinho no pé do sofá...

Gosto das pessoas que assim como eu já se permitiram olhar no espelho bem de pertinho e viram seus defeitinhos e os aceitam, porque lá no fundo todo mundo tem marca de vacina, acorda descabelado, tem preguiça, se atrasa, ri, chora, às vezes conta mentirinha e de vez em quando é gentil quando quer explodir.

O que me chama a atenção nas pessoas e que me faz não perceber que o tempo está passando é o fato de elas serem como eu: terem seu coração angustiado de vez em quando; levantar questões que não sabem a resposta, que sabem que não as terão e mesmo assim buscam encontrar; o que acho bonito nas pessoas é como elas podem ser verdadeiras quando ninguém as está olhando ou só quando estão com quem confiam de verdade, se mostram, expõem suas dores, suas mágoas, suas feridas; gosto das pessoas que se indignam com o rumo que o mundo está tomando e que tenta mudar isso; gosto de quem em chama pra tomar sorvete só como desculpa pra me ver; gosto de quem vai ao museu ou ao parque porque gosta de dar espiadelas no passado; gosto de quem anda de trem e se aperta, mas não perde o bom-humor, de quem sabe que no trabalho é profissional e deixa os probleminhas pendurados na porta, do lado de fora.

Gosto mesmo é de quem sabe ri de coisa séria sem perder a seriedade; de quem canta desafinado e se diverte; de quem não sabe dançar e dança. Essas pessoas se sentem felizes! Se esforçam para isso e conseguem! Gosto de quem flerta com a tristeza, mas não casa com ela.

Gosto de quem não segue o protocolo sempre, sabe inovar, surpreender e ser maravilhoso em coisas simples...

Acho que conheço algumas boas pessoas dessas...

Conheço algumas entediantes, é verdade, mas as que são interessantes valem tanto a pena que as chamo de AMIGOS...

Como diz a máxima: “eu prefiro perder meu tempo com os amigos do que meus amigos com o tempo”...  pessoas interessantes existem e fazem um bem danado perder uma noite de sono, uma tarde num café ou vários dias de nossas vidas ao lado delas. Só temos a ganhar!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ausência




É quando o tempo fica assim

Meio frio

Meio úmido

Meio triste

Que percebo mais a sua ausência

Nos dias bonitos eu ainda me distraio

Vejo flores

Vejo rios

Vejo amores

E fecho os olhos pensando em você

Imaginar que pode chegar

A qualquer momento me faz bem

Sempre acho que vai abrir a porta

Que vai me trazer seu sorriso

E, nas noites quentes, durmo pensando nisso

.

É quando o vento entra sem pedir licença

Quando ele sacode minha cortina,

Quando causa arrepio na pele

Que sinto a sua ausência

Sem seu abraço,

Sem seu calor,

Sem seu carinho.

A cama parece dobrar de tamanho

O colchão parece de gelo

Mas o que mais me faz falta

É a sua companhia

Alegria dos meus dias.

É quando me vejo assim tão triste

Tão sozinha

Tão irreconhecível no espelho

Que sinto mais forte

A sua ausência.

Vento no Varal




O vento deu na roupa do varal

– Corre, Maria! É sinal de temporal!

A criança que brincava com a pipa ria

E no céu as nuvens encobriam o dia.

O ventou correu divertido pelas ruas

Brincalhão levantou o vestido da moça

Derrubou os papeis da mesa do escritório

Sacudiu a cortina da sala.

No jardim jogou pétalas sobre a sonhadora

Que pensou ser uma chuva de amor.

Na praia, arrepiou as ondas,

Que raivosas quebravam na areia.

Pela praça arrastou o jornal velho

Jogou cisco no olho do desavisado

Empurrou as nuvens de chuva

E anunciou que ia cair água

O vento deu na roupa do varal

Embaraçou todo o lençol

Jogou no chão os tecidos leves

Fez festa com as peças pequenas

Como se fossem bandeirinhas de São João.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Engano




Deixa voar,

O que é seu volta...

Deixa sem correntes,

O que é seu fica...



E se não voltar?

E se não ficar?

Ah, se não o fizerem é porque não o desejaram...

É porque não foram cativados...



Alguém estava errado.

Ou não era pra ser

Ou nós é que não entendemos o recado.



Às vezes, criança, a gente acha que ama.

Às vezes, a gente pensa que é amado

E algumas vezes, ah... o coração se engana.