Se eu não caibo em mim
O mundo deixa de ser uma caixa.
Eu deixo de pertencer a ele
(Se é que pertenci)
Espalho-me sobre a superfície
Lisa, escorregadia,
E não me ajunto
E não tenho peças
E não me encaixo.
E não tenho pernas ou caminhos
Ou rumos.
Se o mundo força-me a ser fogo,
Forjo-me serenidade.
Tento aproximar-me da calmaria.
Tento ser não a chama inquieta,
Mas a brasa segura,
Consciente de um fim,
Certeza de calor,
Em invernos glaciais
Que crio pelas ausências que sinto.
Dedico-me a incendiar as fronteiras
A extrapolar o que me cerceia
Porque se não caibo em mim
Volto ao ponto de partida:
Equilibrar-me nos mesmos pontos
Desse mundo tão redondo quanto a lua.
Essa mesmice que insiste em me contagiar
E angustia.
Preciso do novo.
Preciso dos horizontes que me iludem,
Que sugerem infinitos.
Porque o mundo que sou não me cabe
Sou um suspiro contido
Que anseia se misturar com o ar
Livre.
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