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domingo, 17 de maio de 2015

Dy por Dy - Entrevista

Entrevista a Lui Morais, para a rádio do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 03 de maio de 2015.



Você pode falar quais peças constituem a sua obra até agora?
Não tenho livros publicados.
Toda a minha produção fica disponível em meu blog, Dy-vagando, no ar desde 2010, mas só levado a sério a partir de 2011.
Desde 2013 sou colunista na Revista Biografia, eletrônica, com textos semanais. Participei da Antologia Versos de Verão (2014), da Revista Replicante, (México, 2014), e do Suplemento Acre (nº5, 2015).
Tenho 4 projetos de livros prontos, esperando uma editora. Dois livros de prosa (Vontades Incompletas e Entre uma Balada e um Blues) e dois de poesia (InVersus e Palavras Indizíveis, Sentimentos Indivisíveis).

Por que você escreve?
Para me aliviar. Observo muito o mundo à minha volta e vou absorvendo o máximo que posso. Esses sentimentos acabam me extrapolando em forma de poesia.
É uma forma de ser e continuar sendo através das palavras, mesmo depois que o sentimento passa. Gosto dessa ideia da permanência das palavras no tempo. E gosto de me expor nas entrelinhas, com sutilezas, com paixão. Claro que nem todos os textos são sobre mim ou o que vivo. Muita coisa é fruto das observações. Só faço uma espécie de tradução do mundo tão rígido e tão sério para as palavras mais leves, mostrando que há beleza em tudo. Pelo menos aos meus olhos. Não faço da escrita um compromisso. Só escrevo quando estou transbordando. Não tenho uma rotina para fazer poesia.

O que é poesia pra você?
A poesia faz parte da minha vida desde que aprendi a ler. Escrevo há pouco tempo, uns 5 anos, mas ela sempre esteve presente. É pela poesia que me expresso quando estou feliz, triste, com raiva. A poesia é uma válvula de escape, uma passagem secreta para um lugar maravilhoso, o mundo das palavras. É uma ponte entre pessoas incríveis que conheci. É meu travesseiro cheio de sonhos. É companheira em noite de insônia. É a lente pela qual escolhi ver o mundo. Não há uma definição do que ela seja para mim, mas é muito importante.

Você se considera uma autora pós-moderna?
A ideia do pós-modernismo pra mim é um vulto. Se for levar em conta o que tem se entendido como pós-modernismo, um grande balaio onde se colocam grandes autores sem muita conexão, devido à fluidez do conceito, sim, eu seria uma pós-moderna.
Mas não sou apegada a esse tipo de rotulação.
Faço poesia. Isso devia bastar. É só uma forma de expressão, é só um meio de tentar embelezar o mundo, de me derramar sobre o papel e ter nele uma extensão do que sinto. Sinceramente, não sei dizer se tenho essa ou aquela característica de pós-moderna. Sou poeta.

A tradição da literatura e das artes influencia muito sua poesia? Pode dar exemplos?
Antes de ser escritora, sou leitora.
Antes de derramar, me preencho.
Toda forma de arte me inspira. Mas não me ligo à tradições e sua rigidez, não há um movimento único que eu pudesse escolher. Transito em tudo o que posso.
Quase sempre escrevo ouvindo música, de clássica a MPB, de Ludovico Einaudi a Emilie Simon, de Khaled Mouzanar a Erik Satie.
Na MPB eu vejo fontes inesgotáveis de poesia, vou desde os consagrados Djavan, Caetano, Oswaldo Montenegro, Lenine à galera não muito conhecida – há controvérsias! – como Vinícius Calderoni, Rafael Altério, Fernando Anitelli, que apresentam poesias muito boas, simples e marcantes, questionadoras e provocativas.
Também sou fortemente influenciada pelo Oriente Médio, sua poesia, dança (do ventre) e música. É clichê, mas tudo começou na infância, com as Mil e Uma Noites, na época, uma organização de Malba Tahan. Hoje volto-me para os libaneses Amin Maloouf, Khalil Gibran, Joumana Haddad, mas a lista ainda tem escritores iranianos, como Nahid Rachlin, e marroquinos como Mubarak Rabia e Muhammad Chukri, que são contistas modernos.
Na literatura nacional gosto muito de Nélida Piñon, Leminski, Manoel de Barros, Elisa Lucinda.

Como você sente a relação da sua poesia com o tempo? E com a realidade?
A poesia é, em parte, filha de seu tempo. A minha não é diferente. Ela é, na maioria das vezes filha da madrugada, mas gerada à luz do dia. Não tenho temas específicos, gosto mais de escrever sobre minhas reflexões, sentimentos, mas há algumas que são muito fortes e questionadoras sobre o que acontece no dia a dia.
Nem sempre estou só tocando a ficção. Muita coisa é fruto de minha indignação, das notícias dos jornais, de experiências vividas no meu cotidiano.
Como toda literatura, muitos textos são atemporais, outros só farão sentido em seu contexto.
A poesia é arte e ela sobrevive ao tempo. Chronos deu esse presente à poesia: um ser alado que transita por onde quiser e quando quiser, descolada dos calendários, livres para pousarem nos ponteiros do relógio de seu leitor e depois voltar a voar.
Minha poesia é assim. Tem lugar de nascer, tem traços desse tempo, mas não é presa a ele.
                   
Você gostaria de indicar outros poetas que considera interessantes para participarem desta pesquisa?
Conheço muita gente boa. No Rio tem a Flavinha, Flávia Cortes, que lançou o livro Espanto! Ela é maravilhosa!

Tem o Rômulo Ferreira, que distribui sua poesia pelas ruas do Rio, que conheci por acaso, e que já publicou um texto meu no Suplemento Acre. Ele é uma figura muito emblemática: não desiste da arte, da arte nas ruas, popular, ao alcance de todos. Gosto muito do trabalho dele e seria lindo vê-lo falar sobre livros artesanais, sobre a arte pela arte.

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