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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Óculos





No meio da manhã a claridade embaçava meus olhos, num dia tão branco quanto seus lençóis, num dia tão branco quanto seus sorrisos.
E eram meus olhos que tateavam seu corpo sobre a cama em uma preguiça morna de feriado, como quem não tem outra obrigação na vida a não ser compor a paisagem do quarto.
E eram meus olhos que buscavam lê-lo como se fosse um livro, tentando decifra-lo, encontrando destinos nas linhas de suas mãos e histórias nos vincos de sua testa.
Eram meus olhos de raio-x que o despiam deliciosamente morno naquela preguiça longe do meio-dia, longe de outros olhos e tão perto dos meus ais e meus quereres.
Eram meus olhos os escritores daquela paisagem, criando a história a seu bel prazer, lançando-me em imaginações nada mornas, nada brancas, muito mais cheias de sentidos que apenas a visão.
Mas, eram apenas os meus olhos que o envolviam, que o alcançavam e só por eles, através deles, eu o tinha por perto e aproxima-lo ainda mais era só uma questão de lentes: chegava a suspirar quando colocava meus óculos.

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