domingo, 7 de julho de 2019
Na estante
De repente você chega. Parece um poema, um livro: capa bonita, prende meus olhos e diz seu título.
E seu cheiro me entorpece. Páginas novas me atraem.
Passo correndo, cotidianamente. Agitada, quase distraída, mas observo de soslaio.
Finalmente consigo começar a ler o livro, pouco a pouco, cada palavra em sua vez e lembro do poeta: um bom livro lê o leitor.
Você me lê. Chega a doer. Fico impressionada com os poemas de madrugada, em vermelhos, em paisagens que outrora conheci ou não.
E você começa a me ler. E não sou um livro. Sou anotações desorganizadas, caóticas, críticas, lamentos, rimas pobres, rimas, linhas. Um emaranhado confuso.
Não sei se caibo em sua estante muito menos na sua cama confortável onde gosta de ler antes de dormir. Eu me fecho. Eu me julgo pela capa. Eu me escondo em meu conteúdo. É tudo um turbilhão. Eu queria ser um romance, um poema quente. Talvez seja só um hai-kai. E sem sentido. Melhor não ler. Volto para minha estante.
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