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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Afogamentos



A neblina não me deixava voar. Os olhos não enxergaram o destino, mas a sua voz, as suas palavras que haviam dormido comigo, despertaram também na madrugada, companhia minha. Acalmava-me o espírito da insegurança, estando, ao mesmo tempo, imerso nela própria e em medo.
Eu não bebia de sua mentira, mas de sua omissão (tola sensação de proteção ou excesso de discrição). E temia só pelos meus pés que saiam do chão.
No pouso, a queda em meio ao céu quente e quase estrelado. 
A água fria do chuveiro enchendo a banheira, contraste com as lágrimas quentes que me abandonavam e pousavam no jeans molhado de um não sei o quê que me cortava ao meio.
A angústia do desconhecido.
A raiva do ter me doado.
As lágrimas de tanto sal...
Os sonhos de papel.
Tudo foi pelo ralo, misturado: lágrimas, sonho, decepção, vontades.
Sobrou a mim algumas dores, um tanto de cicatrizes, um vazio no peito e um caminho inteiro pela frente.

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