sábado, 27 de julho de 2019
Bandeira branca
Faço silêncio.
Calo a voz, mas o corpo fala.
Ouço os sons que me são próprios: a respiração, o pulsar do coração, o cabelo que dança ao vento. Com o sol que me toca, meus cabelos parecem fagulhas.
Talvez eu seja uma fagulha. Uma centelha da divina mão da Criação. Há um deus em tudo o que vejo e sinto que sou parte disso.
Em silêncio e distante das cidades, rodeada só pela natureza, entendo que nos fizemos deserto. Somos, eu sou, cada vez mais uma terra longínqua, um barco à deriva que busca por sua missão.
Engana-se quem acha que a paz está em poder dormir ou ter a consciência tranquila. Essas coisas são consequências da paz. A bandeira branca é hasteada, verdadeiramente, no momento em que se toma consciência de sua missão, sua finalidade no mundo.
Todo o resto são descansos, pousios para caminhantes. A paz é entender-se.
Não sem esforço, debulhei noites a procurar minha função. É provável que eu a tenha compreendido agora. E a despeito de todas as coisas grandiosas que sonhei fazer, minha sina é simples.
O bater de asas de uma borboleta bastou para que eu percebesse que nasci para ser de sorrisos e para (aprender) a esperar o tempo de todas as coisas sob o céu, que hoje, além de azul, hasteou uma bandeira branca para mim.
Sorrio. Há harmonia entre meu coração, minha respiração, meu sorriso. Experimento a paz. Ela me sacia.
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