Eu não coube
naquela sua camisa branca, bem clichê, como um filme. Não deu tempo... Estava
ocupada sendo de verdade, sem roteiros, sem palavras ensaiadas.
Eu não acordei
antes de você e me arrumei toda, para parecer perfeita. Às vezes engano a
insônia e durmo até perder a conta do dia e fico ali descabelada mesmo, perdida
entre o travesseiro, o edredom, os sonhos e seu cheiro.
Eu não beijei
seus olhos antes de dormir desejando que a luz nunca lhe falte, nem me
preocupei em lhe cobrir o corpo se não com o meu corpo.
Eu não
levantei devagar e preparei seu café da manhã, nem beijei sua testa para
guardar seus planos e lhe despertar para os sonhos.
Eu não fiz de
sua cama meu oásis, nem experimentei delícias que tivessem sido feitas por
você. Ali só nós éramos os manjares.
Eu não fui
surpreendida por um beijo seu invadindo meu pescoço e roubando meu norte. Não
sei bem se faltou a bússola ou o beijo.
Eu não lhe
contei o meu dia nem perguntei do seu. Não fiquei ansiosa pela sua chegada, nem
me olhei várias vezes no espelho orgulhosa e feliz (e até duvidosa) de ter tido
a sorte na vida de encontra-lo.
Eu não ouço a
sua voz quando sinto saudades, nem sinto seu cheiro na minha roupa, nem seu
gosto mora mais em minha boca, nem os caminhos de sua mão no ritmo do meu
quadril eu me lembro. Faltou-nos tempo.
De alguma
forma, fomos breves instantes sufocados pelo inexorável tempo que previmos
longo, mas nos faltou.
Eu não coube em
lugar nenhum que poderia ter cabido. Nem aqui, do lado de fora, tão frio pela
estação, nem aí dentro, abrigo negado.
Eu não também
fui o convite irrecusável ou a pauta acolhedora. Fui pouca areia nessa
ampulheta. Você foi pouco tic nesse tac. Fomos falta. Somos falta. Um tipo
comum de solidão (a dois) nos dias que chamam de hoje.
1 Comentários:
Adorei dyvagar com você! Sua escrita é leve e provocante... Bjs
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