Longe dos sóis
que refletem nas areias e devolvem imaginações também se constroem castelos
voadores, de sonhos ou esperanças, de tijolos dourados ou sólidos sentimentos.
Dentro da
multidão, cercada de toda uma gente com a qual não me reconheço, atravesso meus
desertos. Não tenho um mehari. Vou
por minhas próprias pernas e canso.
No mormaço de
mais um dia, foi você miragem minha. Não era o desejo realizado, mas aquele que
carrego contido. Era algo entre o que espero e o que quero, algo entre o
movimento e a evaporação dos sentidos.
Se deixo de
contar minutos e passo a colecionar horas, não diminuem as areias de meu tempo,
só reinventam-se as minhas fantasias vazias, só reverberam os ecos de minha voz
nas curvas do deserto de concreto que é essa cidade.
Não caminho
com ares de tranquilidade, são ares de desilusão, ares de quem bebeu o rio até
secar e agora contenta-se com a vaga imensidão.
Se pareço
dominar as palavras, saiba que são embustes, enganação. Não sei sequer esconder
uma intenção e pago o preço de ouro de quem ainda estima a palavra, de quem a
crê concreta e fiel.
Ainda ando
pela cidade, mas já carrego um deserto no coração. Vagueio e sou eu também uma
miragem.
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