Visitas da Dy

domingo, 16 de julho de 2017

Miragem



Longe dos sóis que refletem nas areias e devolvem imaginações também se constroem castelos voadores, de sonhos ou esperanças, de tijolos dourados ou sólidos sentimentos.
Dentro da multidão, cercada de toda uma gente com a qual não me reconheço, atravesso meus desertos. Não tenho um mehari. Vou por minhas próprias pernas e canso.
No mormaço de mais um dia, foi você miragem minha. Não era o desejo realizado, mas aquele que carrego contido. Era algo entre o que espero e o que quero, algo entre o movimento e a evaporação dos sentidos.
Se deixo de contar minutos e passo a colecionar horas, não diminuem as areias de meu tempo, só reinventam-se as minhas fantasias vazias, só reverberam os ecos de minha voz nas curvas do deserto de concreto que é essa cidade.
Não caminho com ares de tranquilidade, são ares de desilusão, ares de quem bebeu o rio até secar e agora contenta-se com a vaga imensidão.
Se pareço dominar as palavras, saiba que são embustes, enganação. Não sei sequer esconder uma intenção e pago o preço de ouro de quem ainda estima a palavra, de quem a crê concreta e fiel.

Ainda ando pela cidade, mas já carrego um deserto no coração. Vagueio e sou eu também uma miragem.

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