Repousa a
cabeça em meu peito, cabendo entre meus braços um universo inteiro.
Não desejo ler
seus pensamentos, mas, se pudesse, gostaria de saber quantos abismos já criou e
quantos outros cruzou e morreu pelo caminho. Talvez eles expliquem seu medo de
seguir adiante.
Gostaria de
saber das tempestades que engoliu, dos raios que aparou, dos trovões que
esbravejou e das distâncias que se aumentaram a partir das nuvens densamente
precipitadas.
Queria saber
dos precipícios que lhe juraram voos e que a ausência das mãos fez falhar as
asas, fazendo da queda mais dolorida do que poderia suportar. Talvez seja isso
que lhe impeça de andar de mãos dadas.
Queria saber
das marcas que ganhou e não lhe deixaram cicatrizes no corpo, mas devoraram
sonhos e transformaram suas noites em horas insones e em um breu assombroso de
cálculos e previsões para que o erro não se repetisse. Talvez seja isso que
prenda seus pés ao chão, como raiz de árvore ressequida, com um fio pequeno de
seiva sustentando a existência.
Queria saber
de onde veio o raio de esperança que lhe cegou os olhos e lhe trouxe aos meus
braços. Queria saber se universo que margeio em meus braços ainda pode ser
reconstruído ou se já se deu por perdido. Queria saber se hoje sou só
travesseiro ou se posso sonhar em ser navio, aquele que deixará o caos do cais
para traçar novas rotas nos mares de seu país.
Queria saber
se tenho nos braços a partida ou a chegada se apenas durmo ou velo seu sono,
tecendo acalantos de porto seguro ou acenando adeuses com um lenço branco.
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