Mal cabia em
si diante dos novos fatos: não era paixão, mas não era só simpatia. Era uma
afeição, um carinho, um querer-bem(perto), desses que ninguém sabe explicar,
tampouco lidar.
No pomar da
vida, era fruta quase madura. Com uns amassados feitos pelo destino, com umas
mordidas feitas pela boca do tempo. Mas, se é que se é possível rejuvenescer,
parecia criança em dia de festa: com risos sonoros, sorrisos sem horário ou
motivo, pensamentos de "será-que-bem-me-quer?" que brilhavam em neon
nos olhos.
E o brilho nos
olhos era luz que chegava a incomodar os pedestres que lhe esbarravam: todo mau
humor se ressente da alegria incontida e leve. Era cabeça nas nuvens com pés no
chão, sonhando raízes firmes e um ninho nos braços, para acalentar bem mais que
sonhos, uma história, talvez.
Uma
história... que precisava ser escrita, que precisava de personagens. Pelo menos
mais um, quiçá, o papel seria de quem agora lhe enchia a cabeça e coração,
sobrando nos lábios em forma de sorrisos.
Uma história.
Era isso o que estava prestes a começar e, diante das horas, papéis em branco,
se fez caneta, transbordando de palavras a serem escritas. Era a própria espera
em si: das palavras dentro da caneta, da caneta para deslizar no papel, do
papel em branco, à espera sobre a mesa.
Tudo era
espera. Tudo era desânimo. Tudo era cansaço. Tudo era nada. E a caneta repleta
de palavras transbordou seu azul em mágoas e lágrimas. Mais um livro que não
foi escrito. Mais um quase-autor-emudecido. Mais um ser caminhante pelo
caminho, colecionando "se" e "talvez". Mais um de tantos
coleciona-dores cotidianos, incompreendidos, saudosos do que poderia ter sido.
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