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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Palavras em Canetas



Mal cabia em si diante dos novos fatos: não era paixão, mas não era só simpatia. Era uma afeição, um carinho, um querer-bem(perto), desses que ninguém sabe explicar, tampouco lidar.
No pomar da vida, era fruta quase madura. Com uns amassados feitos pelo destino, com umas mordidas feitas pela boca do tempo. Mas, se é que se é possível rejuvenescer, parecia criança em dia de festa: com risos sonoros, sorrisos sem horário ou motivo, pensamentos de "será-que-bem-me-quer?" que brilhavam em neon nos olhos.
E o brilho nos olhos era luz que chegava a incomodar os pedestres que lhe esbarravam: todo mau humor se ressente da alegria incontida e leve. Era cabeça nas nuvens com pés no chão, sonhando raízes firmes e um ninho nos braços, para acalentar bem mais que sonhos, uma história, talvez.
Uma história... que precisava ser escrita, que precisava de personagens. Pelo menos mais um, quiçá, o papel seria de quem agora lhe enchia a cabeça e coração, sobrando nos lábios em forma de sorrisos.
Uma história. Era isso o que estava prestes a começar e, diante das horas, papéis em branco, se fez caneta, transbordando de palavras a serem escritas. Era a própria espera em si: das palavras dentro da caneta, da caneta para deslizar no papel, do papel em branco, à espera sobre a mesa.

Tudo era espera. Tudo era desânimo. Tudo era cansaço. Tudo era nada. E a caneta repleta de palavras transbordou seu azul em mágoas e lágrimas. Mais um livro que não foi escrito. Mais um quase-autor-emudecido. Mais um ser caminhante pelo caminho, colecionando "se" e "talvez". Mais um de tantos coleciona-dores cotidianos, incompreendidos, saudosos do que poderia ter sido.

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