Ardia
desafiando qualquer inverno.
Seus olhos
embrasados eram algo entre um desespero e um chamado, dois demônios internos
que abrigava sem reclamar. E, olhando fixamente um ponto em meu corpo, era
capaz de ser convite e correntes: inegável, envolvente.
A língua de
fogo que lhe saltava, ora dançava com segredos ferventes, ora lambia meus
limites, incêndios incontroláveis a subir por colinas. Em outros tempos eu não
saberia ser entre coxas ou orelhas, entorpecido.
Era uma
fogueira de solstício, celebração de vida e vontades de braços longos a me
esperar para o derradeiro momento em que tudo pudesse acabar.
Poderia ser eu
o fim das febres, água apaziguadora, calmaria outonal, paz branca de domingo,
mas diante daqueles olhos eu sabia que toda calma era pouca e inútil. Para ela
eu só poderia ser lenha a ser consumida até o fim e, talvez, quando cinza, nos
caberia o descanso.
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