Ingrata aquela que só dá a sua beleza,
Que ignora os ais,
Que não se volta a quem a vê passar.
Ingrato o verso altivo e esnobe
Quem surge no vento, alado.
Ah, aquele verso que veio e me embalou,
Ingrato!
Sequer deixou-se ser anotado...
Sequer deixou-se ser decorado...
Transtornou-me e se foi.
Ingrata fez-se a poesia
Que pousou em meu caderno,
Que deitou-se sobre aquelas linhas
Como bichana em manhã quente
E que se rasgou no fim do dia,
Julgando-se pouca,
Insuficiente, fria.
Tinha beleza, a coitadinha,
Mas não parou para se ler,
Se ver, se entender.
Ingrata, ao não se reconhecer,
Passou só com a sua beleza
E teve o triste fim de ser esquecida.
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