Aos quinze é tudo tangível. É tudo simples demais e complexo demais.
Aos quinze, o mundo é um paradoxo. E toda gota é a d’água e transborda
até em copo vazio. E toda madrugada é longa demais para as lágrimas e pequena
demais para os poucos minutos de sono antes do raiar do dia.
Todo dia é de folia, toda flor tem cheiro de alegria e toda chuva parece
que nunca tem fim. E os domingos são chatos. E nas segundas de prova a preguiça
comanda e o branco não sai da cabeça.
Aos quinze, a gente jura amizade eterna e diz que nunca vai se separar.
Diz que amiga é irmã e descobre que algumas são, outras nunca foram.
Aos quinze, ainda teimamos em acreditar no príncipe encantado, mas já
pensamos que ele tem mesmo é a cara do menino que esbarramos no outro dia, sem
cavalo, sem capa, mas com um sorriso de tremer as pernas.
Aos quinze descobrimos nossos limites e juramos solenemente que vamos
morrer ao final do filme “se tudo der errado” e não morremos. Juramos que a
vida vai ser só de curtição para sempre.
Fazemos promessas de morar sozinhas ou com a melhor amiga. De ter as
roupas mais maneiras. De ir em todas as festas e quer logo chegar aos 18.
Aos quinze, tudo o que queremos é que a vida passe, que os sonhos se
realizem, que a noite seja breve e que aquele amor seja para toda vida.
Aos quinze, a gente sonha quando dorme, mas o bom mesmo é aquele sonho
que se tem acordada, jogada na cama, no meio da tarde, quando contávamos as
horas como se elas nunca fossem fazer falta.
Aos quinze, o tempo não para, mas também não passa. E a longa duração de
tudo é sempre pouca e toda a nossa certeza é que o pra sempre, para nós, é pouco.
E é, porque aos quinze, temos todo o tempo do mundo. Por mais que mudem alguns personagens.
0 Comentários:
Postar um comentário