Imagem: Ramon Brandão
Cheiro de novo, perfume de loja
Motores acelerando a mil e correndo!
Todo amor novo é carro de concessionária:
Mal efetivamos e saímos desfilar.
Mas o uso cansa,
O reparo urge.
(Mecânico bom é aquele que manda flores!)
Na falta de atenção, estacamos.
Se estacionados por muito tempo,
Nenhum embalo restaura o fôlego.
(Até o boca-a-boca perde o gosto)
E outros modelos surgem
E outros olhos brilham
E as estradas perdem o rumo,
A gente vai a reboque,
Aceita o destino, o fado, o lado.
As ruas passam debaixo de nós
E o carro fica:
Fica comum, fica velho, fica chato, fica na pista, na faixa.
E o estacionamento que escolhemos com carinho
Vira pátio de leilão,
Vira cemitério de abandonos, decadências, desafeição.
Ficamos sós no pátio
E ali nasce a ciência:
Virou sucata toda aquela paixão.
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