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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Culpabilidade



As probabilidades não falham. A maior chance que você tem é a de tudo dar errado. E valemo-nos da famosa Lei de Murphy!
Que tudo dê certo, que as coisas se ajeitem é que é o anormal, o fora do padrão, a zebra.
Nesse jogo de loteria que é a vida, o que temos para o café, todos os dias é apostar. Que sejam todas as fichas ou que deixemos pelo menos uma guardada, se tudo der errado, ousaremos apostar de novo. E, para o caso de ter esgotados todas as moedas, buscaremos novos meios de encontrar outras fichas e outro número que mereça a nossa confiança.
Já que as probabilidades não são lá muito do nosso lado, outra coisa que tendemos a fazer é culpabilizar o outro. De fato, arcar com todos os ônus é muito pesado para nossos ombros e, na falta de ombro amigo, que se dane o ombro que se virou para nós.
Quem sai perdendo é o amor. Quem leva a culpa é sempre o mais frágil, tipo bibelô de cristaleira e o mais dócil, como o cão fiel. E o pobre amor que não deu certo, como um bolo sem fermento, míngua dentro de nós. E queremos, claro, colocar a culpa no forno, na temperatura, nos ingredientes, mas nunca em nossa própria falta de atenção. A culpa nunca é do cozinheiro!
O que deve ser claro é que a culpa não é do amor, mas desse amor que falhou. Muitos outros virão. Vinícius de Morais já dizia que a vida era muito longa para se ter um amor só. Então, que aproveitemos todas as chances de apostar em uma nova receita e, quiçá, ver o bolo crescer.
De certo, se eu tivesse a receita mágica ou aquela mistura pronta do mercado para o amor eu a doaria. Sou adepta da campanha do mais-amor-por-favor e, espalhar corações suspirantes aos quatro ventos é uma proposta encantadora e irrecusável. Mas não sou a dona nem de uma coisa nem de outra, nem de tantos amores assim.
O que eu sei é que quando uma coisa dá errado, ela teve um tempo. Foi tudo cronometrado: há o aprendizado e todo caminho leva a algum lugar. Pode não ser onde queremos chegar, mas chegamos.
Se o amor falhou, a culpa não é de ninguém. Talvez ela nem exista, porque ele veio, cumpriu o seu propósito e foi-se. Em seu devido tempo cro-no-me-tra-do, como tinha que ser. Como a vida é. como uma planta ou uma receita. É tudo assim: início-meio-fim e prontacabô. Sem traumas, sem dramas, sem culpa.

Sem traumas e sem dramas é mais difícil, mas sem culpa é fundamental, porque daqui a pouco a roda da vida gira, será a sua vez de apostar de novo, e mais uma vez o coração vai tremer e vai – vamos – amar. 

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