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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Despedida




Não ia escrever sobre isso... na verdade eu não gosto nada de escrever sobre esse tema. É que me faz chorar. Muito. Repetidas vezes.

O que me fez pegar na caneta e escrever foi o aperto no coração que tive hoje à tarde. Um aperto tão grande que fez a dor vazar pelos olhos e mais uma vez chorei.

Chorei ali dentro do táxi, com um motorista que nunca vi na vida e que provavelmente nunca mais verei. Chorei deixando pra trás minha casa e dentro dela minha família e com ela o maior dos amores: um que veio de bem dentro de mim, que foi crescendo, crescendo até não caber mais e sair pelo parto.

Penso agora se há algum amor que seja maior... se existe um meio de descrever como é esse amor... se há explicação para todas as loucuras que sou capaz de fazer por ele. Acho que a resposta para todas essas questões é uma só: NÃO.

Tem muita gente que acha que foi fácil deixar tudo para trás, deixar a cidade natal, os amigos, a família. Não, não foi fácil. Mas há algo mais difícil, mais lentamente doloroso e que corroi: deixar o filho.

“Ah, é pertinho!”, “Duas horinhas de viagem e está perto dele!” é... muito perto, mas vão vocês passar por uma das minhas “primeiras noites” depois da despedida. Quero ver quem é que agüenta ver os olhinhos verdes tão vivos, tão espertos olharem fixamente com o pedido de “não vá embora” bem estampado em alto relevo e só dar um beijo, um abraço e partir...

É por isso que eu choro... porque sempre gostei dos olhos de ressaca de Capitu, pela força, pelo envolvimento que tinham e meu filho os possui: verdes, envolventes, espertos e rasos quando desconfia que estou de partida.

Chorei hoje à tarde quando parti.

Chorei hoje à tarde enquanto escrevia.

Choro agora que releio e digito.

Vou chorar quando reler em alguns dias, meses ou anos...

Vou chorar na próxima despedida e em todas as outras, mesmo sabendo que é só um “até breve”, porque não sei ficar longe daqueles que amo... porque não sei ficar longe do amor que me extrapolou e precisou sair entre risos, suor e lágrimas.



“Mas quem ficou, no pensamento voou

Com seu canto que o outro lembrou

E quem voou, no pensamento ficou

Com a lembrança que o outro cantou”



31 de janeiro 2012.

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