Não ia escrever sobre isso... na verdade eu não gosto nada de
escrever sobre esse tema. É que me faz chorar. Muito. Repetidas vezes.
O que me fez pegar na caneta e escrever foi o aperto no coração
que tive hoje à tarde. Um aperto tão grande que fez a dor vazar pelos olhos e
mais uma vez chorei.
Chorei ali dentro do táxi, com um motorista que nunca vi na vida
e que provavelmente nunca mais verei. Chorei deixando pra trás minha casa e
dentro dela minha família e com ela o maior dos amores: um que veio de bem
dentro de mim, que foi crescendo, crescendo até não caber mais e sair pelo
parto.
Penso agora se há algum amor que seja maior... se existe um meio
de descrever como é esse amor... se há explicação para todas as loucuras que
sou capaz de fazer por ele. Acho que a resposta para todas essas questões é uma
só: NÃO.
Tem muita gente que acha que foi fácil deixar tudo para trás,
deixar a cidade natal, os amigos, a família. Não, não foi fácil. Mas há algo
mais difícil, mais lentamente doloroso e que corroi: deixar o filho.
“Ah, é pertinho!”, “Duas horinhas de viagem e está perto dele!”
é... muito perto, mas vão vocês passar por uma das minhas “primeiras noites”
depois da despedida. Quero ver quem é que agüenta ver os olhinhos verdes tão
vivos, tão espertos olharem fixamente com o pedido de “não vá embora” bem
estampado em alto relevo e só dar um beijo, um abraço e partir...
É por isso que eu choro... porque sempre gostei dos olhos de
ressaca de Capitu, pela força, pelo envolvimento que tinham e meu filho os
possui: verdes, envolventes, espertos e rasos quando desconfia que estou de
partida.
Chorei hoje à tarde quando parti.
Chorei hoje à tarde enquanto escrevia.
Choro agora que releio e digito.
Vou chorar quando reler em alguns dias, meses ou anos...
Vou chorar na próxima despedida e em todas as outras, mesmo
sabendo que é só um “até breve”, porque não sei ficar longe daqueles que amo...
porque não sei ficar longe do amor que me extrapolou e precisou sair entre
risos, suor e lágrimas.
“Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou”
31 de janeiro 2012.
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