Deixei um livro aberto
Bem em frente à minha janela.
O vento chegou sorrateiro,
Embaralhou as linhas paralelas,
Espalhou as palavras como borboletas,
Ideias aladas que ganharam o azul.
As palavras voaram e me pousaram sutis,
Voaram livres, me fizeram seu descanso.
Voaram tranquilas, me fizeram seu pousio.
Do jardim eu comia um pedaço de nuvem,
Açúcar que rodopiou no palito,
E encheu a boca com gosto de infância.
O vento deu em minha saia rodada,
Girou a cabeça de menina.
Trouxe ele inspiração pra poesia.
Trouxe um nome, um cheiro, uma rima.
Trouxe sentimentos que eu desconhecia.
Eram palavras mudas, indizíveis,
Eram sentimentos tênues, indivizíveis,
Eram gotas de felicidade que pariram um arco-íris
Eram melodias de bem-te-vi,
Mas não vi...
Porque o vento, só senti...
Agarrei-me às asas de borboleta-palavra,
Tingi o papel-asa com tinta-sorriso,
Organizei os versos e os recoloquei no livro.
Agora guardo as palavras
Longe das janelas:
Quero distância de todo pé de vento.
Lugar de memória é em baú de tesouro,
Lugar dos meus versos é travesseiro,
Perto dos sonhos, à altura dos olhos,
Embrulhados em fantasias pueris,
Versos sagrados no altar
Que construí no dia em aprendi a ouvir silêncios.
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