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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Ondas



Bateram na areia
As ondas em desatino
Levaram com elas
As linhas do meu destino
Jogaram-se violentas
Nos pés de um penhasco
Desejavam ser sentidas
Ao contrário, sequer foram percebidas
Fizeram-se espuma
As desesperadas ondas
Queriam ser notadas
Foram, por um minuto, admiradas
Como se pareciam com um véu rendado,
Sob o luar frio de um feriado!
Mas ainda assim passaram
Sem ter o que buscavam.
Eu estava longe das ondas, mas as via
Ali, encolhida na areia,
Em silêncio eu as entendia.
O vai e em do mar me assusta:
Essa busca incessante me faz tremer.
Deve ser porque as ondas e eu
Somos feitas das mesmas coisas:
Água, sal, busca, sonhos.
Nós nos entendemos
Porque todos os dias
Em nosso caminho
Brincamos de vai e vem
Sonhando com algo que esperamos
E nunca vem...

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