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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Os versos que são seus




Pego na caneta

(Para meus dedos,
Que são de outra época,
Ainda são pena e nanquim)

Logo fecho os olhos
Gosto de imaginar as letras,
Cada palavras.
Sinto-as saindo de mim:
Como um filho que sai das entranhas.
Ah, essas palavras...
Quebram meu silencio,
Por mais silenciosas que fiquem sobre o branco...
Transformam minha paz em inferno,
Pelo não dito.
Transformam meu inferno em minha paz,
Pelo que escrevo e penso ser lido,
Ser conhecido, ser sentido.
Essas palavras vão se lançar no  branco papel,
Marcando-o com sua cor negra

(E por que não uso outra tinta?)

Sim, essas palavras que saem de mim
Conhecem, por dentro, cada milímetro de sentimento

(Não é de um simples “ouvir falar”...
Elas, sim! Sabem tudo! Sentiram tudo!
Fieis companheiras de desatinos e sonhos vãos!)

Essas palavras vão ganhar vida.
Intrépidas se lançarão no papel,
Como se saltassem de um trampolim,
Jogando-se num azul incerto
De uma piscina quase sem chão
As minhas palavras deixarão de ser minhas.
Passarão a ser suas.
Irão lhe contar partes do que sabem.
As outras partes elas esconderão,
Como segredos escondidos
Charmosamente perdidos em um vão,
Entre o dito e o não dito,
Entre a certeza e o medo,
Entre o que se quer dizer
E o que a boca, consciente, cala.
Elas assim o farão porque são tímidas,
São fieis aos dedos que lhe deram cor,
Livrando-as do transparente vestido
Que desfilavam no pensamento.
Elas serão suas.
Irão lhe fazer companhia.
Trarão alento pra sua agonia,
Porque lhe falarão do que é belo,
Falarão do que é calmo,
Por mais que tenham saído daqui de dentro,
De onde tudo é vulcão...

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