Pego na caneta
(Para meus
dedos,
Que são de
outra época,
Ainda são pena
e nanquim)
Logo fecho os
olhos
Gosto de
imaginar as letras,
Cada palavras.
Sinto-as
saindo de mim:
Como um filho
que sai das entranhas.
Ah, essas
palavras...
Quebram meu
silencio,
Por mais
silenciosas que fiquem sobre o branco...
Transformam
minha paz em inferno,
Pelo não dito.
Transformam meu
inferno em minha paz,
Pelo que
escrevo e penso ser lido,
Ser conhecido,
ser sentido.
Essas palavras
vão se lançar no branco papel,
Marcando-o com
sua cor negra
(E por que não
uso outra tinta?)
Sim, essas
palavras que saem de mim
Conhecem, por
dentro, cada milímetro de sentimento
(Não é de um
simples “ouvir falar”...
Elas, sim!
Sabem tudo! Sentiram tudo!
Fieis
companheiras de desatinos e sonhos vãos!)
Essas palavras
vão ganhar vida.
Intrépidas se
lançarão no papel,
Como se
saltassem de um trampolim,
Jogando-se num
azul incerto
De uma piscina
quase sem chão
As minhas
palavras deixarão de ser minhas.
Passarão a ser
suas.
Irão lhe
contar partes do que sabem.
As outras partes
elas esconderão,
Como segredos
escondidos
Charmosamente perdidos
em um vão,
Entre o dito e
o não dito,
Entre a
certeza e o medo,
Entre o que se
quer dizer
E o que a
boca, consciente, cala.
Elas assim o
farão porque são tímidas,
São fieis aos
dedos que lhe deram cor,
Livrando-as do
transparente vestido
Que desfilavam
no pensamento.
Elas serão
suas.
Irão lhe fazer
companhia.
Trarão alento
pra sua agonia,
Porque lhe falarão
do que é belo,
Falarão do que
é calmo,
Por mais que
tenham saído daqui de dentro,
De onde tudo é
vulcão...
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