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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Preferências



Em seu corpo latifúndio, minhas mãos se pedem.
Desbravamentos.
Em meu peito menos largo, mais profundo,
Você se instala: de onde vem?
Desconhecimentos.
Não tenho medidas do que é invasão,
Do que é permanência com autorização.
Sou como um objeto ex-abandonado:
Agora em novo contexto, encontrado,
Ganho usos, significados.
Ganho seus sons ao pé do ouvido
E faço deles minha canção preferida.
Talvez eu seja a caixa de música silenciada
Não mais contida, agora despertada:
Sou junções de melodias e sons,
Sou a bailarina estanque, congelada,
Leve, que dança e rodopia,
Aquela peça acrílica e transparente,
Imóvel diante de seus olhos.
Pareço um paradoxo, mas sou feita de realidades.
Sou o encantamento eterno da dúvida:
Quero e não busco
Toco e não sei o que desperto
Recebo mais do que emano?
Giro o mundo, giro no eixo
Giro minha compreensão do estranho humano:
Ainda prefiro mais seu corpo-latifúndio
Ainda respiro mais seu cheiro de perfume vagabundo
Ainda prefiro suas invasões em meu ser
Que ser a boneca-bailarina que outros olhos vêm ver.
Prefiro as agitações de meus medos

Que as calmarias das falsas certezas.

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