Não faço ideia
do que acontece fora das paredes de meu quarto.
Disseram que
choveu o dia todo.
Estou em
torpor e, a bem da verdade, pouco importa...
Quem está
cinza hoje sou eu.
Quem se desfez
em água fui eu.
Debaixo daquele
chuveiro,
Misturei-me ao
elemento que me rege.
Desrespeitei
as regras que caberiam,
Vingando-me de
todo o desrespeito que já cometeram comigo.
Lavei bem mais
que os cabelos
Lavei
escadarias de pensamentos
Contei as
gotas finais que caiam,
Somei-as às
constelações de afetos que coleciono
E como quem
não consegue organizar o que sente,
Recolhi-me
como que dentro da caixa de Pandora.
Fico bem com
minhas confusões
Fico bem
cantando minhas canções
E dançando sob
a lua escondida entre as nuvens
Equilibrando
girassóis falsos nos cabelos:
Se não mato
sentimentos,
Porque haveria
de matar a flor?
O que não quer
dizer, porém,
Que eu não
saiba matar as palavras,
Calar cada uma
delas:
Em beijos ou
silêncios.
A boca é porta
desgovernada:
E qualquer
coisa é motivo para ela se abrir ou se fechar
E a chave que
alego perdida, está, no fim,
Debaixo de meu
travesseiro,
Junto com
sonhos, corações e afagos
Que só uso quando
muito necessários.
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