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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Sílabas de Veludo




Hoje estou como a brisa, ondulando ao som do silêncio,
Colhendo asas de borboleta, espalhando o cheiro do verde.
Falta pouco para a amadurescência completa.
Falta pouco para as cores mudarem.
Dou colo á luz solar,
Estendo ao dia inteiro o canto dos pássaros.
Cada uma dessas coisas me trazem mais e mais poesia.
Cada uma dessas coisas me soam como sílabas de veludo.
Cada uma dessas coisas preparam meu corpo para a noite.
Entre óleos e especiarias me perfumo e me deito
Sou a pétala esquecida sobre o tapete:
Pretendia-se enfeite, transformou-se no aroma que entorpece.
Repouso entre almofadas e maciezes,
Tenho os vapores da manhã,
As ansiedades do fim da tarde,
Os sabores da noite caindo,
As sedes por todos os prazeres.
Sirvo-me sobre(a)mesa dos deuses:
Poderia ser pretensão, mas aceito como licença poética.
Sou aquela filha da poesia,
Aquele verbo que não emudece,
Aquele espinho que vai lhe ferir se sofrer mágoas,
Aquele afago que lhe faz esquecer as horas amargas.
Sou aquelas sílabas de veludo que ouvi e amacio seus pensamentos.
Sou a repetição de um tanto de promessas.
Sou o cumprimento de juras vãs.
Sou o tempo se escoando pela janela,
Porque chove lá fora e o som da chuva molha,
Como o som da sua voz quando invade meus sentidos.
Sou mansidões aveludadas, agitações na madrugada.
Pode vir comigo pelo mal caminho, pela vida boa,

Cuido de seus pés e até de seu coração. Não temo.

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