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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Dança de Espadas



Danço a noite, a madrugada passa:
Afio o gume da espada e a equilibro bem:
Se na cabeça, corto os pensamentos,
Se no quadril, a vontade não vem.
Fio a fio vou tecendo poemas,
Escrevo com a destreza da artesã:
Tenho dias de costureira, amarrando destinos;
Tenho dias de bordadeira, enfeitando silêncios e desatinos.
Tenho o espaço de uma cama inteira,
Tenho febre contida em lençóis,
Tenho traços de mulher rendeira,
Mas que despe toda renda, quase-faceira.
Tenho nas mãos a magia,
O bem querer, e lhe quero, meu bem!
Mas reservo ao tempo o papel de algoz:
Mata-me ele, lento ou veloz.
Não serei eu a musa da persistência,
Nem carregarei angústias de desistência.
Uso o espelho de Clio,
E tudo aquilo que vi e vivi é guardado na retina,
É tudo aquilo que vi e quis,
Virou reflexo contido às bordas dos cílios,
São histórias do fim dos meus dias:
Se não saciadas as bocas, mãos e quereres,
São aplacadas a mudez, o traço e outros prazeres.
A poesia não é concreta, mas eterna
E, ainda que éter, preenche meus vãos...

Ao contrário de quem só aumenta vaus...

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