Cortei-me.
Cortaram-me.
Sou quase feita de retalhos.
Sou cicatrizes que brotaram de profundezas
E, por vezes, ainda doem.
Não há questionamentos ou rancores.
Às vezes, a dor é só um meio
Para reconhecer a felicidade
Na curva do tempo,
No entrelaçado dos dedos.
Há um lamento:
O de não haver cortes
Absolutamente profundos
Ou precisos
Capazes de dissipar vestígios.
Capazes de apagar rastros.
Não há senão o acostumar-se
E o ser e o estar e o tentar,
Cada dia mais,
Valer-me de recortes
Onde minha visão toca
O cruzar de paralelas
E o infinito faz sentido
Em sua anunciada brevidade
Em milagres cotidianos.
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