Se o que me cabe são silêncios,
Vestirei-os com a dignidade da realeza.
Fio a fio tecerei a paciência que não tenho
E aprenderei a ponderar.
Aprenderei a esperar.
Aprenderei as medidas que nunca usei
Por acreditar que jamais usaria esses parâmetros.
Igualarei-me às
fiandeiras,
Perderei-me em teias
De histórias, de vidas, de idas
E escreverei na areia
Com o pó cintilante que cai das estrelas
E enevoam meus olhos
Quando olho para a lua que enche a si e ao céu.
Lua que brilha com a luz que não é sua
Mas que aprendeu a usá-la.
E talvez sejam esses os aprendizados:
Enxergar os brilhos escondidos.
Ouvir as preces caladas.
Ouvir as vozes secretas do vento
Que arrepiam a pele
E que me saem de dentro de mim,
Indicando-me que preciso ser, só ser.
Um clarão que rompe a noite,
Uma luz que toca almas,
Um punhado de luz que dança
E que me conduzirá ao ritmo da vida
Ao lugar mais fundo, mais largo
Pela minha própria luz e silêncio,
Pela minha própria mão e poesia.
Através de toda fundura das marés
Através de toda nuvem encharcada de chuva
Através de toda ardência que o céu nega
E que o sol insiste em emitir.
Talvez o silêncio seja para ouvir o fogo,
O estalar das brasas,
Os calores que assustam as noites
E libertam-me dos invernos que crio,
Mostrando-me como ser o inverso
Em verso e prosa.
Talvez o silêncio me caiba
Porque cabe a ele me libertar
E liberta-me de mim e em mim.
E passo a ser o que já era.
Mas agora,
(cons)ciência.
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