Pelas barras de seu vestido, os passos.
Passante, não olha para os lados.
Observador, sou só olhos
E sonho.
E olho para você, só para você.
Parado exatamente aqui,
No mesmo lugar,
Estátua de bronze com olhos de lente.
E a moça que passa olha e não vê.
Vê e não enxerga.
Passa... desliza... quase voa.
Voa e cai em meus devaneios.
Fico pronto para despertar ao seu passar.
Fico pronto a explodir ao seu sorrir.
Desejo que se vá só para vê-la voltar.
Desejo acordar para não perdê-la de vista.
Entonteço ao meio-dia,
Desespero-me à meia-noite.
Do céu baixo as nuvens
Tapetes para seus pés que logo vêm.
Por essa leveza seria alcatifa,
Para seus deleites seria fonte cristalina.
E ela vem e passa e vai.
E eu observo e olho e não sou visto.
E faço parte de seu cotidiano de sorrisos,
De tantos “bom dia”, de ais e suspiros,
Mas assim como não sei como o sol se vai,
Aqueles olhos de ares sutis,
Passam por mim e não me veem,
Presos em seu cotidiano.
0 Comentários:
Postar um comentário