Visitas da Dy

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Da janela






Da janela do meu quarto só vejo o cinza
Paredes de concreto e janelas com cortinas.
Lá embaixo, buzinas.
Aqui dentro, coração apertado.
Cada um tem o que melhor lhe cabe:
Uns alegrias,
Outros, só saudade.
Da janela do meu quarto vejo outros quartos
Persianas descuidadas que esqueceram-se de se fechar.
A moça sonha experimentando vários vestidos,
A criança brinca inocente,
O rapaz fica a olhar para o celular, imaginando se ela vai ligar.
E eu aqui, só a observar.
Da janela do meu quarto vejo o tempo escorrer
Ou melhor, o que vejo é o tempo correr.
Ele vai de passos largos para o fim.
E nós aqui sentados, displicentes,
Lendo jornais e folhetins.
Da janela do meu quarto vejo o horizonte que eu queria alcançar
Vejo o sol se pondo, a noite caindo,
As estrelas chegando, carro se atropelando.
Da janela do meu quarto vejo o que eu queria ser, mas não sou,
Porque perdi o tempo olhando, só olhando,
E me esqueci que na verdade eu deveria estar sendo,
Vivendo, cantando, sonhando, amando.
Vou descer as escadas...
Abandonar a janela.
Talvez ainda dê tempo de salvar os dias que estão por vir
De fazer tudo o que ainda não fiz,
De ser vista e não mais só olhar.
É tempo de mudar...

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