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quinta-feira, 18 de março de 2021

(Sobre) viver

 





Corri. Corri tanto que me perdi.

Era um abandono de dores.

Era um desvencilhar dos espinhos

Que me rodeavam o corpo.

Engoli o vento, tornei-me feroz

E em grande medida, arredia.

Selvagem alma dançando pra lua,

Na luta entre o ser e o silêncio.

Desrespeitei meus ciclos.

Quis ser linha reta e fixa.

Mirei no horizonte sem perspectivas.

Não faltavam sonhos.

Faltavam respiros.

O sentido do amor. O arrepio.

A coragem da entrega.

O âmago despido e exposto.

Faltava-me o desprendimento do outono.

A revolução arrebatadora.

Faltava o corte na carne

E o sangue jorrando

Pra que eu percebesse o tudo:

Sou de paixões.

E (sobre) viver estava me matando.

Faltava-me ser ventania.

Viver.




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