Chamaram-me bruxa.
Desejaram-me a forca, o fogo, o ordálio.
Tempos outros, assustadores, severos.
Não lembro quantas vidas tive
Tampouco em quantas queimei,
Mas, entre os escombros dos séculos sobrevivi.
Chamaram-me louca.
Prenderam-me. Esconderam-me
Enclausurada cantei para as sombras.
Fui livre dentro de mim.
Mulher!
Concebida tantas vezes com o mesmo sexo
A sina. A raiz. A força de (r)existir.
Dizem ser azar
Ter tantas vidas femininas,
Mas atravessam-me tantas sortes
Que os azares pouco importam.
E se o espelho quebrar?
Ganho novos reflexos.
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