Esconde, a noite, com suas carícias,
As dores, os tratos e trapos.
Esconde as cicatrizes e as amarras,
Esconde as asas partidas e as bebidas amargas,
Salga ainda mais a taça de lágrimas.
Mas chove lá fora.
A alma lava com a prece que cai do céu:
Logo é dia, menina, e a coragem lhe envolverá como véu.
Há de se ter fé e vida, alma e ação.
Levanta desse seu chão,
Voa alto, pra longe da desilusão.
Eu sei que o mundo não é aquarela,
Mas pela luz de seu sorriso,
Há de se pintar um sol bem maior que sua janela
Então, menina, beba da noite apenas o que é dela:
Parte de solidão, parte de recomposição
Organiza seus passos e vai.
O caminho tem espinhos,
Mas seus pés são as flores.