Chega uma hora em que já não podemos mais
voltar atrás. Chega uma hora em que já trilhamos tamanha parte do caminho que a
solução é seguir em frente, pagar para ver, jogar com as cartas que temos nas
mãos.
Chega uma hora em que nos vemos quase perdidos
pelos caminhos que nós mesmos escolhemos e há aqui uma leve parada para
(re)pensar a trajetória. É nesse momento que nos perguntamos sobre as
possibilidades que deixamos de lado.
Tem um momento em que nos damos conta de que
não é mais possível mudar o curso, trocar de rumo. Seja porque o vento não
sopra a nosso favor, seja por falta de vontade de movimentar as velas na
direção de outra ponta da rosa dos ventos.
É essa falta de retorno que nos agonia, que
quase nos sufoca porque é possível nos ver como jogadores de xadrez recebendo
um xeque-quase-mate, se é que, de fato, não nos mate, do qual tentamos fugir,
mas o oponente do outro lado tem pleno conhecimento de nossos pensamentos e
ações, porque não passa de nós mesmos.
Se a vida pode ser entendida como um jogo,
somos ao mesmo tempo do mesmo time e somos nossos rivais. Somos a mesma torcida
que vibra, que teme e que vaia. Somos ao mesmo tempo oscilantes, vacilantes e
estimulantes. Somos os vários pontos de equilíbrio no imite de nossas ações,
mas nem sempre sabemos qual é o passo a dar.
Talvez seja nessa hora que nos reconheçamos
como raio que risca o céu. Como um relâmpago que ilumina o céu escuro, mas que
não consegue ver a própria luz. Somos breves. Iluminamos rapidamente céus que
desconhecemos e passamos...
Como um relâmpago, nem sempre podemos voltar
atrás e o que nos resta é aceitar a tempestade que trazemos dentro de nós,
esperançosos que um dia ela vire calmaria.
1 Comentários:
A calmaria acalma ou ao calar-se por si só e então sorria? Serenamente sorria entre o bailar trovejante dos olhares dos raios que arrepiam. Preciosamente ansioso vem fazer o silêncio que o olhar decidido da tempestade que vaidosa anuncia. Sacia de fascínio quase indomável o desafio que naquela tempestade se via.
Hugo
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