Descobriu que tinha um coração em uma manhã qualquer. O que a acordou
foram os sons altos das batidas descompassadas.
De início não sabia o que era e muito menos de onde vinham os sons. Fazia
silêncio, mas sentia-se ensurdecida. Olhou para o seu peito e descobriu um tambor
ali dentro. Ou seria uma caixa sonora onde poderia guardar seus sentimentos a
partir de então?
Caminhando por um jardim percebeu que borboletas voavam em seu estômago.
Tentou matá-las com um sorvete, mas elas não congelaram. Café ou chá não as
afogaram.
Devagar, abria a boca para que elas saíssem e ganhassem as flores e as
cores do dia. Pôs-se a cantar suaves melodias.
Tinha um coração e pensava que podia amar.
Tinha borboletas e achou que podia voar.
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