Mesmo na
penumbra, velo seu sono.
Meus olhos
percorrem toda a sua linha,
Traçando a
cartografia do seu descanso.
Repousa e
sonha como criança delicada.
A leveza de
seu suspiro noturno me inunda.
Ao seu lado,
sinto-me Tântalo:
Está ao tácito
toque de meus dedos
E não ouso,
recuo.
Está olvido no
veludo da madrugada
E meu silêncio
lhe embala e nina.
O espaço de
minha cama fez-se em mar:
Eu lhe vejo navegando
em meus lençóis.
Na imensidão
desse azul que flutua.
Avisto-lhe,
ilha paradisíaca, e desejo aportar:
Virei eu
embarcação à deriva e você, oceano infindável.
Mas bem sei que
não é o meu cais,
Bem sei que não
matará a minha sede.
Bem sei que não
saciará a fome de meus olhos,
Tão pouco será
o destino de meus pés.
Velo o seu
sono por lealdade jurada.
Guardo a sua
serenidade com a minha paz
E deixo a minh’alma
atarantada.
Seu sossego
vale mais do que o toque.
Seu descanso é
mais sagrado que o Livro.
Deito-lhe em
meu altar, cama segura
E contemplo-lhe
o sono, oblação abençoada.
Talvez eu me
sacie com o orvalho que umedece sua fronte
Talvez eu me
entorpeça com um madrigal,
Mas ainda
assim, não despertarei o seu sonho
Nem lhe
atordoarei o coração.
Durma, durma
agora, que lhe quero muito bem.
0 Comentários:
Postar um comentário