Ela queria
senti-lo dentro dela.
Desejava senti-lo
latejando em seu interior, movimentando-se quase inescrupuloso. Queria ter o
prazer adocicado na boca de sentir as suas vibrações correndo pelas veias,
quente, vital, incessantemente.
Desejou possuí-lo
como o pulmão deseja o ar. Desejou-o ardente, voraz. Imaginou como ele a
invadiria. Fechou os olhos para tentar sentir como seria o exato momento em que
ele a tomaria.
Já não era
capaz de controlar os seus próprios sentimentos e como o seu corpo fosse terra
paradisíaca, sentia que ele era tropa fortemente armada contra ela. Frágil, não
oferecia resistência. Capitularia a ele em breve. Ainda não o fizera na
tentativa de conservar sua honra.
Apesar de tudo
era mulher digna. Jamais havia se entregado assim a tais desejos. Jamais imaginara
ceder a caprichos dessa forma. Jamais.
A relação
intensa que estabeleceram desde o início já assinalava para o desfecho. Ela o
via sobre o sofá e não acreditava. Estavam imóveis, impassíveis, mas ele,
naquele momento a dominava só por sua existência.
Não era
grande. O impacto que causara era muito maior que ele próprio. E ela o
observava com os olhos arregalados e sentimentos aflorados. Invejou as mãos que
deram vida a ele. Invejou todos os viventes aos quais ele despertara aqueles
desejos.
Por fim, ela
cedeu. Era impossível resistir. De leve escorregou os dedos por ele e sem
desviar os olhos só conseguia pensar em como seria ser a dona daquele verso tão
curto, tão cheio de si e de significados que a invadira sem pedir licença.
Passou a tarde
a se envolver ele, toda prosa, perdendo-se em pura poesia.
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