Visitas da Dy

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Internalizações



Ela queria senti-lo dentro dela.
Desejava senti-lo latejando em seu interior, movimentando-se quase inescrupuloso. Queria ter o prazer adocicado na boca de sentir as suas vibrações correndo pelas veias, quente, vital, incessantemente.
Desejou possuí-lo como o pulmão deseja o ar. Desejou-o ardente, voraz. Imaginou como ele a invadiria. Fechou os olhos para tentar sentir como seria o exato momento em que ele a tomaria.
Já não era capaz de controlar os seus próprios sentimentos e como o seu corpo fosse terra paradisíaca, sentia que ele era tropa fortemente armada contra ela. Frágil, não oferecia resistência. Capitularia a ele em breve. Ainda não o fizera na tentativa de conservar sua honra.
Apesar de tudo era mulher digna. Jamais havia se entregado assim a tais desejos. Jamais imaginara ceder a caprichos dessa forma. Jamais.
A relação intensa que estabeleceram desde o início já assinalava para o desfecho. Ela o via sobre o sofá e não acreditava. Estavam imóveis, impassíveis, mas ele, naquele momento a dominava só por sua existência.
Não era grande. O impacto que causara era muito maior que ele próprio. E ela o observava com os olhos arregalados e sentimentos aflorados. Invejou as mãos que deram vida a ele. Invejou todos os viventes aos quais ele despertara aqueles desejos.
Por fim, ela cedeu. Era impossível resistir. De leve escorregou os dedos por ele e sem desviar os olhos só conseguia pensar em como seria ser a dona daquele verso tão curto, tão cheio de si e de significados que a invadira sem pedir licença.

Passou a tarde a se envolver ele, toda prosa, perdendo-se em pura poesia.

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