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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sai daí, Mamãe!




Há quase dois anos eu tive que vir embora para o Rio mesmo querendo ficar nas Minas Gerais...
Há pouco mais de três anos aprendi que meu amor era tão grande que não coube em mim e ganhou autonomia pra viver nesse mundo, com suas próprias pernas e braços e beijos e risos e seu par de olhos verdes curiosos e espertos. Esse pequeno milagre que me fez quase esquecer o meu nome para atender aos seus chamados quando ele diz “mamãe” é o meu petit Prince, meu amado Heitor, pequeno príncipe de meu castelo de sonhos. Senhor para o qual presto toda sorte de homenagens, encaro batalhas distantes de seu reino e carrego o estandarte brilhante da cor de seus olhos.
Há pouco mais de três anos eu, historiadora por amor e escolha, medievalista por paixão, entendi o que é se colocar sob os pés de um senhor, o que é ser vassalo, jurando dar sua vida pela vida dele.  
Há dois anos aprendi que a saudade dói. Enche os olhos e aperta o peito. Aprendi que ela também nos dá coragem e que se desfaz no instante de um abraço. Aprendi a chorar mais. Quase todos os dias. Aprendi a disfarçar a dor nos sorrisos. Ninguém precisa saber a dor do coração da gente. Ninguém tem culpa da solidão que nos acompanha. A dor é minha só, não é de mais ninguém, assim como a solidão que eu sinto com a distância é a minha única companhia nas madrugadas.
Há dois anos tento diminuir a distância com telefonemas, fins de semanas e feriados, tecnologias e suas aplicações.
Hoje descobri o tamanho de uma saudade e a ingenuidade da minha criança: pelo skype Heitor me viu, mandou beijo, falou, riu, mostrou brinquedos e um machucado novo: vai virar uma pequena cicatriz na perninha, mas mais do que isso me mostrou como é bonita a ingenuidade e como a saudade também aperta nos corações pequeninos. Hoje meu filho desejou abrir o computador para que eu saísse “de dentro da caixinha pra ficar pertinho do seu (meu) filho”, dizendo: “sai daí, mamãe, vem ficar com seu filho, sai da caixinha. Vou abrir, oh...”
Hoje meu filho tentou abrir o computador e rasgou a minha alma. Os olhos estão embotados até agora. Hoje eu senti mais uma pontada de saudade que dilacerou meu coração.

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