Há quase dois
anos eu tive que vir embora para o Rio mesmo querendo ficar nas Minas Gerais...
Há pouco mais
de três anos aprendi que meu amor era tão grande que não coube em mim e ganhou
autonomia pra viver nesse mundo, com suas próprias pernas e braços e beijos e
risos e seu par de olhos verdes curiosos e espertos. Esse pequeno milagre que
me fez quase esquecer o meu nome para atender aos seus chamados quando ele diz “mamãe”
é o meu petit Prince, meu amado Heitor, pequeno príncipe de meu castelo de
sonhos. Senhor para o qual presto toda sorte de homenagens, encaro batalhas
distantes de seu reino e carrego o estandarte brilhante da cor de seus olhos.
Há pouco mais
de três anos eu, historiadora por amor e escolha, medievalista por paixão,
entendi o que é se colocar sob os pés de um senhor, o que é ser vassalo,
jurando dar sua vida pela vida dele.
Há dois anos
aprendi que a saudade dói. Enche os olhos e aperta o peito. Aprendi que ela também
nos dá coragem e que se desfaz no instante de um abraço. Aprendi a chorar mais.
Quase todos os dias. Aprendi a disfarçar a dor nos sorrisos. Ninguém precisa
saber a dor do coração da gente. Ninguém tem culpa da solidão que nos
acompanha. A dor é minha só, não é de mais ninguém, assim como a solidão que eu
sinto com a distância é a minha única companhia nas madrugadas.
Há dois anos
tento diminuir a distância com telefonemas, fins de semanas e feriados,
tecnologias e suas aplicações.
Hoje descobri
o tamanho de uma saudade e a ingenuidade da minha criança: pelo skype Heitor me
viu, mandou beijo, falou, riu, mostrou brinquedos e um machucado novo: vai
virar uma pequena cicatriz na perninha, mas mais do que isso me mostrou como é
bonita a ingenuidade e como a saudade também aperta nos corações pequeninos. Hoje
meu filho desejou abrir o computador para que eu saísse “de dentro da caixinha
pra ficar pertinho do seu (meu) filho”, dizendo: “sai daí, mamãe, vem ficar com
seu filho, sai da caixinha. Vou abrir, oh...”
Hoje meu filho
tentou abrir o computador e rasgou a minha alma. Os olhos estão embotados até
agora. Hoje eu senti mais uma pontada de saudade que dilacerou meu coração.
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