Escrevi um poema,
Mas ele não era pra ser lido:
Quis guarda-lo em sigilo.
Era pra ser de amor,
Mas acabaram falando de sorrisos.
Coloquei-o numa redoma de vidro.
Tomei cuidado com os versos,
Deite-os em folhas muito brancas,
Escrevi-os com tinta muito viva
E acomodei-os dentro do cristal
Ali dentro eles
adormeceram
Vez ou outra suspiravam,
Remexiam, reviravam.
Só de longe eu os olhava.
Encantei-me não pelas palavras,
Mas pelas cores dos reflexos:
O cristal se desfazia em arco-íris.
Morri de amores por todas aquelas cores.
Mas um dia o poema acordou.
De súbito se levantou.
Suas palavras se desgrenharam
Tinha a impressão de que se reorganizaram.
Já não eram minhas aquelas linhas,
Ganharam outros rumos a minha poesia!
Impaciente ele se mexia,
Aos poucos pareceu-me crescer,
A redoma já não lhe cabia.
Um estilhaço se deu:
Perdi o meu poema,
Que teimou-se em dizer que era seu.
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