Por muito
tempo eu busquei respostas. Agora, logo que acordei mesmo busquei uma. Tenho mania
de porquês. Mas não é só por curiosidade ou vontade de entender as coisas. Muitas
vezes é por ansiedade. Muitas vezes quero me adiantar ao futuro.
Hoje acordei,
olhei para o lado, respirei fundo e senti um cheiro bom de perfume que me
entrou pelas narinas e me fez sair do lugar onde eu estava. Quase um
teletransporte. Por alguns segundos eu cheguei a pensar que o perfume não
existia e me perguntei “por quê?”. Abri os olhos e pensei mesmo que eu estava
era sob efeito do sonho que tive.
Para longe de
eu querer entender, eu queria mesmo era prever. Queria poder dar uma espiadinha
ali na página dos meus 30 anos, depois na dos 40, dos 50... queria ver quem
ainda vai estar comigo, quem vai ficar pelo caminho. Queria só ter a certeza de
que estou traçando os rumos certos, mesmo quando eles me parecem tão incertos.
No fundo, o
que eu queria era saber para que lugar esses meus ataques de sinceridade vão me
levar. Por que as pessoas nos cobram tanto a verdade, a sinceridade se elas não
sabem lidar com isso? Porque ao sermos sinceros pagamos o preço de sermos
taxados de grosseiros ou insensíveis? Por que preciso pagar preços tão altos
para realizar os sonhos? O caminho não precisa ser de açúcar – detesto coisas
muito doces – mas um pouquinho de leveza não faz mal a ninguém.
Hoje eu
acordei e senti saudade do sonho que tive. Era quase uma visão. Acordei com a
sensação de ter realmente vivido aqueles instantes tão alegres e então lamentei
que eles só tivessem acontecido no plano do meu inconsciente. Talvez isso seja
um capricho da vida: deixar a gente ver as prévias do que gostaríamos que
acontecesse, só pra gente não desistir, só pra ficarmos com um gostinho bom na
boca ao amanhecer...
Tomei o gosto
dessa “’provinha’ do que poderia ter sido” com a qual sonhei e logo me
perguntei o porquê... logo quis saber uma lista de respostas que formulei quase
que instantaneamente e me veio uma frase muito séria, em uma tirinha do Charlie
Brown: “O livro da vida não tem resposta no final”! Claro! Já posso parar de me
perguntar! Já posso parar de querer espiar o que está lá atrás! Não vou
encontrar nada!
O que posso fazer
é entender que o livro da vida tem muitas páginas em branco e que eu posso ir
escrevendo-o devagar, encaixando os meus personagens favoritos com muito
cuidado, ir colocando-os ao meu lado cuidadosamente, prendendo-os a mim com
laços invisíveis de compreensão, carinho, afeto, um quê de loucura e doses
cavalares de amor. Se as fotos que eu escolhi se soltarem e caírem pelo caminho
não é porque a minha ”cola de carinho” estava fraca, é porque o papel da
figurinha era poroso demais para recebê-la e se não se sabe receber carinho,
meu amigo, não se sabe viver!
O livro da
vida não tem respostas no final. Ele tem muitas páginas pra gente escrever como
quiser e chegar ao final é uma coisa tão certa quanto lermos a nossa primeira
página: nascemos! E ao final morreremos! Fazer a diferença é saber o que
colocar nesse intervalo!
Vou ali
colocar um pouquinho mais de alegria no meu dia! Desenhar sem borracha e cantar
sem acordes certos! Vou ali escrever mais uma página do meu livro dos dias, sem
buscar muitas respostas, sem espiar o que estar por vir. Que o acaso chegue,
por acaso, e me surpreenda!
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