Visitas da Dy

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Livro da Vida




Por muito tempo eu busquei respostas. Agora, logo que acordei mesmo busquei uma. Tenho mania de porquês. Mas não é só por curiosidade ou vontade de entender as coisas. Muitas vezes é por ansiedade. Muitas vezes quero me adiantar ao futuro.
Hoje acordei, olhei para o lado, respirei fundo e senti um cheiro bom de perfume que me entrou pelas narinas e me fez sair do lugar onde eu estava. Quase um teletransporte. Por alguns segundos eu cheguei a pensar que o perfume não existia e me perguntei “por quê?”. Abri os olhos e pensei mesmo que eu estava era sob efeito do sonho que tive.
Para longe de eu querer entender, eu queria mesmo era prever. Queria poder dar uma espiadinha ali na página dos meus 30 anos, depois na dos 40, dos 50... queria ver quem ainda vai estar comigo, quem vai ficar pelo caminho. Queria só ter a certeza de que estou traçando os rumos certos, mesmo quando eles me parecem tão incertos.
No fundo, o que eu queria era saber para que lugar esses meus ataques de sinceridade vão me levar. Por que as pessoas nos cobram tanto a verdade, a sinceridade se elas não sabem lidar com isso? Porque ao sermos sinceros pagamos o preço de sermos taxados de grosseiros ou insensíveis? Por que preciso pagar preços tão altos para realizar os sonhos? O caminho não precisa ser de açúcar – detesto coisas muito doces – mas um pouquinho de leveza não faz mal a ninguém.
Hoje eu acordei e senti saudade do sonho que tive. Era quase uma visão. Acordei com a sensação de ter realmente vivido aqueles instantes tão alegres e então lamentei que eles só tivessem acontecido no plano do meu inconsciente. Talvez isso seja um capricho da vida: deixar a gente ver as prévias do que gostaríamos que acontecesse, só pra gente não desistir, só pra ficarmos com um gostinho bom na boca ao amanhecer...
Tomei o gosto dessa “’provinha’ do que poderia ter sido” com a qual sonhei e logo me perguntei o porquê... logo quis saber uma lista de respostas que formulei quase que instantaneamente e me veio uma frase muito séria, em uma tirinha do Charlie Brown: “O livro da vida não tem resposta no final”! Claro! Já posso parar de me perguntar! Já posso parar de querer espiar o que está lá atrás! Não vou encontrar nada!
O que posso fazer é entender que o livro da vida tem muitas páginas em branco e que eu posso ir escrevendo-o devagar, encaixando os meus personagens favoritos com muito cuidado, ir colocando-os ao meu lado cuidadosamente, prendendo-os a mim com laços invisíveis de compreensão, carinho, afeto, um quê de loucura e doses cavalares de amor. Se as fotos que eu escolhi se soltarem e caírem pelo caminho não é porque a minha ”cola de carinho” estava fraca, é porque o papel da figurinha era poroso demais para recebê-la e se não se sabe receber carinho, meu amigo, não se sabe viver!
O livro da vida não tem respostas no final. Ele tem muitas páginas pra gente escrever como quiser e chegar ao final é uma coisa tão certa quanto lermos a nossa primeira página: nascemos! E ao final morreremos! Fazer a diferença é saber o que colocar nesse intervalo!
Vou ali colocar um pouquinho mais de alegria no meu dia! Desenhar sem borracha e cantar sem acordes certos! Vou ali escrever mais uma página do meu livro dos dias, sem buscar muitas respostas, sem espiar o que estar por vir. Que o acaso chegue, por acaso, e me surpreenda!

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