Aprendi a viver muitas luas sem que soubesse por onde você
andava.
Aprendi a viver uma vida inteira sem saber ao certo se você
chegaria.
Aprendi a passar os meus dias numa alegria incompleta, numa
espera incerta, sonhando com seus passos pelo corredor, seu sorriso na janela,
sua voz ao telefone.
Os dias passaram com a velocidade de gotas em torneira velha:
constantes, cadentes, ininterruptos e implacáveis.
Acostumei-me com um vazio diário que já nem sabia se queria que
fosse preenchido, tamanha conformidade em meu coração.
Entre vozes e sons e luzes e prédios cinzas cheguei a pensar que
havia encontrado o que buscava. Pensei ter chegado ao xis da questão e do meu
mapa do tesouro, mas era apenas mais uma pista que me apontava para mais adiante.
A caminhada continua. A busca nunca se finda.
Eu que aprendi a viver com a presença de sua ausência não sei
mais o que busco. Não sei mais por onde ando.
Sigo pelos dias como os ponteiros de um relógio no pulso
cansado: giram sempre e não saem do lugar. Enquanto isso, lá fora, a vida passa
e aqui dentro o café esfria.
Quem é você é só mais uma pergunta da minha extensa lista de
questionamentos.
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